Título: Rei da Cortiça quer crescer no Brasil
Autor: Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 13/03/2006, Economia, p. A19

Segundo maior acionista privado da petroleira portuguesa Galp Energia, o milionário português Américo Amorim - conhecido na Europa como o Rei da Cortiça - quer estreitar os laços com a Petrobras, que recentemente tentou adquirir uma participação na empresa. Em entrevista exclusiva ao JB, revelou que não venderá sua participação na Galp, embora venha a formar um consórcio com a companhia brasileira para disputar a futura licitação de áreas exploratórias prevista para este ano no Timor Leste. A idéia, segundo ele, é alinhar a brasileira com a Galp, a estatal angolana Sonangol e a italiana Eni, maior acionista da companhia portuguesa, com 33,34%.

Detentor de negócios equivalentes a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, nos ramos florestal, imobiliário e energético, Amorim prepara os últimos passos para dar o pulo do gato e tornar-se o principal acionista privado da Galp. Detentor de 14,312% do capital da empresa, adquiridos por 1,7 bilhão de euros por meio da Amorim Energia, o empresário exercerá a opção de comprar os 18,3% da Rede Elétrica Nacional no capital da petroleira.

A operação foi financiada com 460 milhões de capital próprio e o restante pelos bancos Santander, Banco Popular de Portugal, Caixa Geral de Depósitos, Caixa Galícia e Millenium bcp. O passo mais ousado se dará nos próximos meses, com a aquisição dos 4% detidos pela espanhola Iberdrola, em operação conjunta com o banco estatal Caixa Geral de Depósitos.

Com todos esses movimentos, terá uma participação, no mínimo, igual a da italiana Eni. Ainda em 2006, porém, essa fatia poderá ser elevada, uma vez que o ministro português da Economia, Manuel Pinho, anunciou, em janeiro, a intenção de promover uma oferta pública de até 30% das ações do governo na energética.

Se tudo der certo, o empresário consolidará estratégia iniciada em 2005, quando negociou, em dezembro, a participação da Electricidade de Portugal (EDP) na Galp.

Fundada em 1999 para consolidar o setor energético de Portugal, a empresa tem capital misto e 38% do mercado de distribuição de combustíveis do país. Os investimentos para a próxima década deverão somar 3 bi de euros, em segmentos como produção de energia e petróleo, refino e distribuição de combustíveis em vários países. O objetivo, segundo Amorim, é obter fora de Portugal, em cinco anos, o equivalente a 30% das necessidades energéticas portuguesas.

No Brasil, a Galp está presente com a subsidiária Partex, que desde a Segunda Rodada de licitação de áreas exploratórias, em 2000, incorporou 54 blocos exploratórios, sozinha e em parceria com a Petrobras.