Título: Relatório final citará Dantas e Gushiken
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 14/03/2006, País, p. A4

O relatório final da CPI dos Correios deve incluir a Brasil Telecom como uma das possíveis fontes de recursos do esquema de desvio de dinheiro para partidos políticos.

- A Brasil Telecom será citada como um dos possíveis caminhos para alimentação do valerioduto - afirmou o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

A empresa de telecomunicações assinou contratos de publicidade com a SMPB e com a DNA, empresas que pertenciam a Marcos Valério Fernandes de Souza, no valor somado de R$ 50 milhões. A Brasil Telecom, à época, era controlada pelo banco Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, e presidida por Carla Cico. Sob o controle de ambos, a empresa de telecomunicações foi das maiores fontes de recursos das empresas de Valério.

Apesar das absolvições promovidas pela Câmara, os deputados acusados de envolvimento com o mensalão não devem escapar do relatório final da CPI dos Correios, que deve propor indiciamento por sonegação fiscal e crime eleitoral.

- Uma coisa é o juízo político e outra é o encaminhamento para o Ministério Público - disse Serraglio.

O relator também pretende pedir o indiciamento do ex-ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) e do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Quanto a Gushiken, hoje chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE), o pedido de indiciamento seria por supostas irregularidades nos contratos de publicidade das estatais, que eram supervisionados pela Secom.

- Basta ler o relatório da Controladoria Geral da União para ver que vamos propor o indiciamento - defendeu o relator.

A CPI não conseguiu provar até agora, no entanto, o envolvimento de Gushiken em supostos desvios de recursos dos fundos de pensão para o valerioduto.

Já Pizzolato seria responsabilizado pelo suposto desvio de dinheiro da cota do Banco do Brasil no fundo Visanet.

- Vou pedir o indiciamento do Pizzolato, que praticamente conduziu o processo; dos que foram coniventes, assinando documentos; e dos que não fiscalizaram a execução dos serviços - afirmou Serraglio.

Auditoria do próprio Banco do Brasil constatou a ausência de comprovantes que expliquem o destino de R$ 23,2 milhões repassados pelo fundo Visanet à DNA.