Título: Venda de bens para pagar dívida
Autor: Com Juliana Lanzarini
Fonte: Jornal do Brasil, 14/03/2006, Economia & Negócios, p. A17

Os juros altos que perseguem os clientes de operadoras de cartão de crédito muitas vezes levam consumidores a atos extremos na tentativa se ver livre da cobrança implacável. Foi o caso da artista plástica Cláudia de Farhat, que optou por se desfazer de um bem de grande valor sentimental a ter que seguir enfrentando a novela das taxas elevadas.

- Atrasei a fatura do meu cartão de crédito porque havia ali um débito indevido, de uma compra que eu não reconhecia. A dívida foi aumentando rapidamente com os juros extorsivos e, quando eu percebi, o valor já estava tão alto que precisei me desfazer de um quadro de estimação para ter aquele dinheiro em mãos, urgentemente, antes que a dívida fosse ainda mais longe - lembra Cláudia.

A artista plástica ressalta ainda que era procurada quase diariamente pela operadora para que quitasse a dívida de cerca de R$ 2 mil, embora o estorno da cobrança indevida jamais tenha sido feito.

Mas, às vezes, os consumidores conquistam importantes vitórias contra os juros altos. A loja de departamentos C&A foi condenada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro a fixar os juros de seu cartão no percentual correspondente à taxa Selic, acrescidos de 30% de spread bancário.

O juiz relator do caso, desembargador Gilberto Rêgo, deu ganho da causa à consumidora Leda Pisa Vidal ao considerar razoável que as operadoras de crédito se baseiem em ''uma taxa média de mercado estipulada pelo Banco Central, através do Copom''. Segundo o magistrado, juros muito acima da Selic representam uma ''vantagem manifestamente excessiva'' em cima do consumidor. Procurada, a C&A informou que não se manifesta sobre questões que tramitam na Justiça.