Título: Governo faz novo leilão de energia em junho
Autor: Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 14/03/2006, Economia & Negócios, p. A18

Em meio à desconfiança do mercado quanto a um novo racionamento de energia, o governo anunciou ontem a data de 12 de junho para a realização de um novo leilão de empreendimentos energéticos para suprir a demanda prevista para 2009. O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, justificou que, diante do prazo de três anos para construir essas novas usinas, a tendência é que os empreendimentos termelétricos - de construção mais rápida -, a gás e a óleo combustível, predominem na disputa.

O governo também pretende promover duas novas licitações de empreendimentos energéticos no segundo semestre deste ano, destinados a preencher a demanda prevista para 2011. Nessas licitações, segundo Tolmasquim, provavelmente serão incluídas as hidrelétricas excluídas do último leilão, ocorrido em dezembro do ano passado, por falta de licenças ambientais. Também será licitada, segundo o executivo, o complexo de usinas do Rio Madeira (RO), que deverá agregar 7 mil megawatts (MW) de energia ao sistema elétrico nacional.

Ontem, no mesmo dia do anúncio, a consultoria americana Frost & Sullivan divulgou um estudo sobre o setor energético latino-americano, que reafirma o risco, já descartado pelo governo, de ocorrer um novo racionamento de energia em 2009. Fundada em 1961, a consultoria justifica que, diante do crescimento econômico projetado para o país nos próximos anos, a tendência é que a demanda supere a oferta de energia prevista para daqui a três anos. Tal fenômeno, diz o documento, ocorreria por conta da falta de investimentos do governo na infra-estrutura energética.

Ontem, Tolmasquim negou de forma veemente tais projeções, ao desqualificar a consultoria e o documento divulgado. Segundo o presidente da EPE, ''o estudo é totalmente desinformado da realidade do país''.

- Eles precisam estudar melhor o Brasil - disse Tolmasquim, ao justificar que o risco estaria afastado em função da necessidade de cobrir, no próximo leilão, uma demanda residual de 4,5% de energia ainda não contratada para 2009.