Título: Expansão no Rio é o dobro da nacional
Autor: Paula Ganem com Mariana Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 14/03/2006, Economia & Negócios, p. A19

O Produto Interno Bruto (PIB) do Estado do Rio de Janeiro cresceu 5,06% em 2005, em comparação com 2004. A principal responsável por esse número é a indústria extrativa e de transformação, que registrou elevação de 7,7%. Este setor, por sua vez, foi impulsionado pela indústria do petróleo e gás, que cresceu 15%, conforme levantamento do Centro de Informações e Dados do Estado do Rio de Janeiro (Fundação Cide) divulgado ontem. - Sozinho, o petróleo representa 18% da economia fluminense - disse o secretário de Desenvolvimento Econômico, Maurício Chacur.

Além da importância indiscutível sobre a economia local, a produção estadual de óleo é também fundamental para o PIB nacional que, sem ele, cairia de uma expansão de 2,3% para 2,1%.

Com o resultado, a expansão verificada no Rio supera a média nacional em mais de 120%. E, diferentemente do país, cujo crescimento ficou menor entre 2004 e 2005, a expansão do Rio só aumentou. De 4,3% em 2004 para 5,07% em 2005. Já o PIB per capita estadual pulou de R$ 16.797,15 para 18.557,88 de um ano para o outro.

Também contribuíram para impulsionar a economia em 2005 os setores de minerais não metálicos (19,9%); têxtil (15,93%); automobilístico (15%) e o de alimentos (10,4%). Caíram os setores de borracha e plástico (-25,8%) e o de perfumaria e produtos de limpeza (-13,86%). Segundo o secretário de Planejamento e Coordenação Institucional, Tito Ryff, o PIB ainda pode ser maior, já que não incluiu dados da indústria naval.

O crescimento econômico impulsionou a taxa de emprego formal do estado, que teve alta de 4,93%. Esse valor representa um total de 121 mil novas vagas. No comércio, aumentaram em 6,29% e no setor de serviços, em 5,01%.

- A economia do estado é industrial, mas também é uma economia de serviços - afirmou Ryff.

Segundo o economista Mauro Osório, professor da UFRJ e autor do livro Rio nacional, Rio local - Mitos e visões da crise carioca , não é bem assim. O resultado mostra que a economia fluminense é pouco diversificada e extremamente dependente do petróleo, o que afeta a geração de emprego.

De acordo com dados do Caged, do Ministério do Trabalho, o Rio foi o Estado com o mais baixo desempenho na geração de empregos formais entre os demais da Região Sudeste. Enquanto os empregos com carteira cresceram 5,75% nos 12 meses encerrados em janeiro na região, no Rio, a expansão ficou em apenas 5,07%.

- O Rio perdeu o segundo lugar em arrecadação de ICMS para Minas Gerais em 2004 e, desde 1999, a construção civil perdeu 3 mil empregos. Falta ao Estado uma política pública consistente de crescimento - pondera.

Segundo ele, a indústria do petróleo e gás, embora reverta ganhos ao Estado, gera poucos empregos. Entre 1985 e 2004, a indústria extrativa cresceu 200% no Estado contra expansão de modestos 20% no emprego formal.

- O setor petroquímico não é a solução para o Norte do Estado. Talvez seja o caso de explorar vocações locais, como a cana-de-açúcar - argumenta.

A cidade que apresentou maior crescimento percentual na taxa de empregos foi Nova Friburgo (10,32%), seguida por Niterói (9,37%), Macaé (7,28%) e pela capital (4,37%).

As principais alavancas da economia de Nova Friburgo foram os setores têxtil e de serviço. Em Niterói, os destaques ficaram com a construção naval e a produção de serviços. Já Macaé multiplicou o número de empregos graças a indústria do petróleo e a capital registrou crescimento no setor de serviços e no comércio varejista.

Para 2006, espera-se que a média do PIB seja mantida ou ampliada, graças a perspectivas de instalação de novas unidades de produção, como a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA).