Título: PMDB governista tenta enfraquecer prévias
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 17/03/2006, País, p. A6

Fracassadas as tentativas da ala governista do PMDB de adiar as prévias do partido, o grupo que pretende enterrar a candidatura própria prepara o contragolpe. Um os planos alternativos para inviabilizar o candidato do PMDB ao Planalto é anular o resultado das prévias em Convenção programada para o dia 8 de abril. Assim, o PMDB pode escolher um candidato domingo e decidir que não tem candidato nenhum em 8 de abril.

A Convenção será convocada depois da decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a manutenção da verticalização. Despejar os votos em Germano Rigotto é outra estratégia em curso. Para setores ligados ao presidente do Senado, Renan Calheiros, e ao senador José Sarney, o gaúcho é um candidato mais fácil de ser abandonado, evitando, com isso, a homologação da escolha em junho.

Depois de conseguir manter as prévias para domingo, outro pré-candidato, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho começa a pavimentar caminho rumo à candidatura à Presidência.

Garotinho tem hoje o apoio da maioria dos diretórios do partido. Estão fechados com ele os estados do Rio, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Acre, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba. Com os apoios consolidados nestes estados, o ex-governador do Rio passou a investir nos redutos de Rigotto, onde conseguiu reverter alguns votos importantes, caso dos diretórios de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

O que pode dar um alento à candidatura de Rigotto é a fórmula de cálculo ponderado para o voto. O gaúcho recebeu, por exemplo, o apoio de Orestes Quércia, principal líder do PMDB paulista. O estado de São Paulo representa mais de 35% do total de votos. O governador licenciado também conta com os votos do Rio Grande do Sul, Pernambuco e de parte do diretório de Santa Catarina.

O lançamento da candidatura de Garotinho é tudo o que o Planalto não quer pois dificulta os planos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de liquidar as eleições no primeiro turno. Em conversas reservadas, os governistas do PMDB reconhecem o ''erro político'' de terem sido os principais fiadores da filiação do ex-governador do Rio no partido.

A reunião da Executiva destinada a discutir o adiamento, prevista para a manhã de ontem foi cancelada a pedido da ala governista, que percebeu não ter os votos necessários para cancelar a consulta interna de domingo. O encontro tornou-se informal. A decisão de jogar a toalha foi tomada no fim da noite de anteontem depois de reunião na residência de Renan. Pela manhã, coube ao líder do partido no Senado, Ney Suassuna (PB), comunicar o recuo ao presidente do partido, Michel Temer. Até a noite de terça, aos governistas restava apenas um voto para que atingissem a maioria de 9 capaz de adiar as prévias.