Título: Ex-militar apontado como mentor
Autor: Marcello Gazzaneo
Fonte: Jornal do Brasil, 17/03/2006, Rio, p. A13

Preso quarta-feira, quando iria prestar depoimento na 4ª Auditoria Militar, o ex-cabo do Exército Joelson Basílio da Silva está sendo apontado como mentor do roubo dos 10 fuzis e uma pistola do Estabelecimento Central de Transportes (ECT), em São Cristóvão, dia 3. Segundo o Ministério Público Militar (MPM), ele teria tramado e executado a invasão à unidade, onde serviu até fevereiro. Além de Joelson, está preso, acusado de participar do assalto, o ex-soldado do ECT Carlos Leandro de Souza. De acordo com promotores do MPM, o ex-militar, por ter servido no corpo de guarda da unidade, conhecia todos os aspectos da segurança do ECT. Os cinco anos de serviço militar do ex-cabo foram prestados na unidade, de onde pediu baixa apenas três dias antes do roubo.

Os promotores não revelaram detalhes de como foi a ação, mas Joelson também teria sido reconhecido, através das imagens do circuito interno de TV, por sentinelas que estavam de serviço no dia da invasão. Outros três ex-militares são investigados pelo Exército.

Joelson e Carlos confessaram o crime e estão com a prisão temporária decretada pela Justiça desde terça-feira. Os dois foram levados para o quartel da Polícia do Exército, no Maracanã. Além deles, há outros três ex-militares suspeitos. Cinco pessoas, todas civis e denunciadas por Joelson, são procuradas pelos militares e pela polícia.

O setor de inteligência do Exército tenta aprofundar as investigações a partir das informações do ex-militar. Ele, inclusive, teria confessado que ainda iria negociar os fuzis e a pistola com facções criminosas. Os promotores, no entanto, acreditam que Joelson ainda não contou tudo o que sabe por medo de represália a ele e à família.

O ex-cabo mora na Favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, na Zona Norte, onde teria ligação com traficantes. Os cinco civis denunciados por ele também moram na favela.

Ontem, o Comando Militar do Leste (CML) informou que as armas, encontradas terça-feira numa mata em São Conrado, foram trazidas por uma equipe à paisana do Exército. Os agentes usaram carros descaracterizados e, por isso, não teriam sido notados por moradores e comerciantes da área, conforme o JB revelou ontem. O coronel Fernaldo Lemos, relações públicas do CML, no entanto, não soube esclarecer as outras dúvidas relacionadas ao encontro do armamento, como, por exemplo, de que maneira o Exército conseguiu a informação e se houve perícia no local.