Título: Bush identifica o Irã como novo inimigo
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Fonte: Jornal do Brasil, 17/03/2006, Internacional, p. A14

Enquanto dava amostras de seu poder militar no Iraque, os Estados Unidos divulgaram ontem uma atualização da Doutrina Bush, alertando que se mantêm no direito de lançar ataques ''preventivos'' contra as nações que os ameaçam. No novo documento, o Irã é considerado o ''país mais problemático''. Na primeira versão em setembro de 2002, meses antes de invadir o Iraque, a Casa Branca identificava o regime de Saddam Hussein como o maior perigo à integridade americana, pois estava pronto para usar armas de destruição em massa.

''Não descartamos o uso da força antes que qualquer ataque seja cometido. Mesmo se permanecer a incerteza sobre a data e o local do ato inimigo'', explica o documento de estratégia para a segurança nacional.

As polêmicas armas de destruição em massa do Iraque nunca foram encontradas. Para Bush, a ameaça que o governo de Bagdá representava acabou com a queda de Saddam. O texto termina com uma menção ao Irã, que os EUA acusam estar preparando uma bomba atômica.

''O regime iraniano apóia o terrorismo, ameaça Israel, tenta abalar a paz no Oriente Médio e nega a seu povo o direito à liberdade. O Irã tem de tomar a decisão estratégica de modificar suas políticas. Este é o objetivo final'', ressalta. ''Com o Irã, talvez tenhamos de enfrentar o maior desafio representado por um país''.

No mesmo dia, o governo de Teerã declarou-se disposto a conversar diretamente com os EUA. Mas o único assunto será o Iraque, advertiu. A Casa Branca nomeou o embaixador americano em Bagdá, Zalmay Khalilzad, a dialogar com Ali Larijani. E está confiante de que haverá brecha para tratar do assunto atômico, já que Larijani é o principal negociador nuclear do regime de Mahmoud Ahmadinejad e secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional.

O iraniano, entretanto, sustenta a pauta conciliada pelos xiitas de Teerã:

- Para resolver questões iraquianas e ajudar a estabelecer um governo livre e independente, concordamos em conversar com os EUA.