Título: Pouca festa e muitos culpados
Autor: Leandro Mazzini, Mariana Santos e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 20/03/2006, País, p. A3

O clima de preocupação dentro da Câmara Municipal do Rio, onde os delegados e filiados do PMDB votaram para a escolha do candidato à Presidência, não foi diferente do mostrado pela platéia na Cinelândia, bancada pelos diretórios municipais para fazer claque no comício de Garotinho. Apesar da música em som alto e de alguns gritos de ordem, a maioria dos cabos-eleitorais ficou de braços cruzados. A governadora do Rio, Rosinha Matheus, chegou às 16h45 na Câmara Municipal. Trancou-se na sala vip do segundo andar para esperar pelo marido e só saiu quando soube que ele ainda estava no avião vindo de São Paulo. Irritada com informações desencontradas, ela decidiu votar e descarregou a raiva nos adversários.

¿ Só lamento a atitude do presidente do Brasil. Em nenhum lugar vejo um partido (PT) interferir em outro ¿ criticou a governadora.

O senador Sérgio Cabral Filho, candidato ao governo do estado, endossou as críticas dos aliados:

¿ O partido vem construindo essa base. Não se pode permitir que essa festa democrática seja impedida por uma decisão judicial estapafúrdia ¿ criticou, em referência à decisão do ministro Edson Vidigal, presidente do STJ, de suspender as prévias.

O deputado Moreira Franco afirmou que ¿o impasse atrapalhou mais a situação do partido que os pré-candidatos¿. O discurso do grupo de Garotinho foi uniforme, com críticas ao governo do PT e ao senador José Sarney, apontado como o protagonista da novela judicial que transformou as prévias em consulta.

Depois da votação, no comício que fez na Cinelândia, no Rio, para 20 mil pessoas, Garotinho voltou a criticar Sarney pelo impasse e culpou o PT:

¿ Há uma tentativa de golpe contra o partido. Encontrei uma revolta dentro do PMDB, que não é um balcão de negócios para governistas. Sarney é um Judas.

O deputado Jorge Picciani, presidente da Assembléia Legislativa, também não poupou críticas ao senador.

¿ Sarney é um dos políticos mais atrasados do país. Aqueles que estão de joelhos perante o governo Lula tentam usar um ministro (do STJ) ¿ disse Picciani, presidente da Assembléia do Rio e candidato ao senado.

Durante visita à Assembléia Legislativa de São Paulo, Germano Rigotto culpou a ala governista do partido:

¿ Os governistas com espaços e cargos que não têm votos no partido tentam atropelar a base com jogadas no tapetão.