Título: Máquina administrativa em ação
Autor: Leandro Mazzini, Mariana Santos e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 20/03/2006, País, p. A3

Com a ausência dos principais líderes do PMDB no estado e o movimento de populares ainda pequeno na Cinelândia, o que mais chamava a atenção ontem pela manhã nas imediações da Praça Floriano eram os carros oficiais estacionados nos arredores.

Havia pelo menos oito automóveis, alguns com placa branca do Rio de Janeiro, e outros de municípios como Natividade, Angra dos Reis, Itaperuna e Duque de Caxias. Um deles, a pick-up branca de placa KZI 0184 estacionada na Rua Evaristo da Veiga, levava para votar o irmão de Washington Reis, prefeito de Duque de Caxias. Outro, um golf branco de placa KMP 7397, era conduzido por um funcionário da prefeitura do mesmo município. O Poder Legislativo estava representado pelo Santana preto de placa 002 de mesma cor de Natividade.

Na praça, cabos eleitorais estendiam faixas de candidatos enquanto aguardavam os ônibus que trariam populares para o comício. Os poucos que chegaram pela manhã não pareciam saber o que ocorria na Câmara dos Vereadores.

- Estou meio desinformada. Não sei de prévias - contou a promotora de festas Verônica Nascimento, de Curicica, que vestia camisa com o slogan ''10 mil obras'' e a a logomarca do governo do estado.

Quem sabia exatamente o que fazia ali era o grupo de aproximadamente 30 policiais civis. Com uma faixa que dizia ''O Rio não vota em Garotinho'', eles protestavam contra o pré-candidato do PMDB e a governadora Rosinha Matheus.

- Viemos mostrar que a Polícia Civil está insatisfeita com as negociações salariais que não andam e já duram três anos. O Rio é o estado com o menor efetivo de Polícia Civil e no qual mais morrem policiais - afirmou Fernando Bandeira, presidente do Sindicato dos Policiais Civis.

Dentro do palácio, a expectativa era pela reversão da decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal, que suspendia as prévias. O clima era de protesto.

- Acho absurdo o Judiciário se envolver no que é de competência do partido - reclamou Geraldo Pudim, candidato à prefeitura de Campos, que disputa o segundo turno das tumultuadas eleições no próximo domingo.