Título: Culpado por 24 horas
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Fonte: Jornal do Brasil, 20/03/2006, Internacional, p. A15
A polícia britânica demorou 24 horas para saber que o brasileiro Jean Charles de Menezes era inocente, como afirmou na época o comissário-chefe da Scotland Yard, Ian Blair. A informação foi publicada ontem pelo jornal local The Observer.
O dominical, no entanto, não descarta a possibilidade de que a polícia soubesse que tinha matado o homem errado no mesmo dia da tragédia, ocorrida na estação de metrô de Stockwell, no Sul de Londres, em 22 de julho de 2005.
O testemunho de um alto funcionário da Scotland Yard confirma a insistência de Ian Blair de que apenas no dia seguinte soube-se que o brasileiro não era um suposto terrorista.
As últimas revelações estão contidas no testemunho do subcomissário Alan Given à investigação independente sobre a atuação de Ian Blair, diz o jornal londrino.
Given era responsável pela CO19, a equipe de agentes armados que disparou contra Jean Charles na manhã em Stockwell ao confundi-lo com um suposto terrorista suicida. O subcomissário se reuniu com os agentes que mataram o jovem brasileiro na tarde de 22 de julho.
A Comissão Independente de Queixas contra a Polícia (IPCC, na sigla em inglês) está a cargo de Stockwell II, que investiga a atuação do comissário da Scotland Yard na execução de Jean Charles.
A IPCC já concluiu seu relatório Stockwell I, que averiguou a morte do jovem eletricista brasileiro e cujo dossiê já foi entregue à Promotoria para que decida se serão apresentadas acusações contra os agentes que fizeram os disparos.
Esse documento, ao qual a família do brasileiro não teve acesso, é resultado de uma investigação de seis meses sobre a morte do jovem, ocorrida um dia depois dos fracassados atentados de 21 de julho contra a rede de transportes de Londres.
Na manhã de 22 de julho, o eletricista mineiro, de 27 anos, saiu de um edifício vigiado no bairro de Tulse Hill, Sul de Londres, e pegou um ônibus até a estação de Stockwell, onde foi executado no caminho para o trabalho.