Título: Cenários para a solução da crise
Autor: Sheila Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 21/03/2006, Internacional, p. A7

O confronto entre o governo e os movimentos sociais pode culminar nos seguintes cenários, de acordo com analistas: Estratégia

Villepin não cede na esperança de que o bloco contrário ao Contrato de Primeiro Emprego (CPE) perca força e de que haja uma desavença entre os que exigem o cancelamento total do contrato e os que aceitam negociar a respeito dele. Mas, ao apostar no surgimento de desavenças entre seus adversários, o premier pode manchar sua imagem de político maleável e alimentar um embate capaz de afundar seus planos de concorrer à presidência, no ano que vem.

Mudanças

O gabinete do premier estuda uma série de opções, entre as quais oferecer a possibilidade de revisar o contrato após seis meses de vigência, além de discutir os resultados com os sindicatos. Outras idéias incluem a introdução de medidas para desestimular os contratos de pequeno prazo; reservar as vagas de estágio para os estudantes em detrimento dos desempregados; limitar o CPE para pessoas sem formação superior; diminuir o período de experiência dos atuais dois anos para 12 meses.

Inconstitucional

Deputados de esquerda contestaram a legalidade do CPE na principal corte do país, o Conselho Constitucional. São três os principais argumento:

1. O Conselho de Estado da França, a principal corte administrativa, não foi consultado a respeito da lei;

2. A lei trata diferentemente as pessoas mais jovens, violando o princípio de igualdade previsto na Constituição;

3. A lei fere as obrigações assumidas pelo país em tratados internacionais. Para especialistas, uma decisão do Conselho Constitucional para cancelar a lei é a saída mais rápida e menos danosa da crise.

Destituição

A opção ¿nuclear¿ pode implodir as ambições presidenciais de Villepin e levar o atual presidente francês, Jacques Chirac, a destitui-lo. O premier deu sinais claros de que não cederá como fizeram antecessores dele. Em 1995, Edouard Balladur, que renunciou devido a uma polêmica lei salarial.