Título: Bottini sugere multa contra 'overbooking'
Autor: Fernando Nakagawa
Fonte: Jornal do Brasil, 21/03/2006, Economia & Negócios, p. A18

O presidente da Varig, Marcelo Bottini, saiu em defesa do setor aéreo ontem contra as críticas em relação à prática de overbooking ¿ venda de passagens aéreas em número superior ao de assentos disponíveis. Segundo o executivo, trata-se de uma ação normal das principais empresas no mundo e que ocorre porque alguns passageiros não comparecem no dia e horário marcados na reserva.

¿ Então, o que as empresas aéreas fazem para se proteger quanto a isso: dentro do histórico de cada vôo, confirmam tantas pessoas a mais ¿ disse ele, durante a cerimônia de posse do diretor-presidente da nova Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi.

O executivo chegou a sugerir como solução a multa de passageiros que não comparecem na hora do vôo. Segundo Bottini, o setor já cogitou até mesmo a perda do bilhete, mas a discussão não foi adiante.

Apesar disso, o executivo descartou qualquer sanção unilateral da Varig a seus clientes, porém destacou que o sindicato que representa as empresas deverá tratar do assunto com a Anac.

Zuanazzi, empossado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que o overbooking é um dos temas que será observado com atenção pela agência.

¿ O overbooking é uma prática internacional. Mas é a exceção, não regra ¿ disse, acrescentando estar aberto às sugestões do setor para que o tema possa ser discutido amplamente.

Durante o evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou possíveis desentendimentos entre civis e militares na nova Anac. Em discurso, Lula disse que os dois grupos estarão juntos ¿para um bem maior, que é a aviação comercial brasileira¿. A afirmação do presidente ocorre em meio a críticas de militares que hoje comandam o setor pelo Departamento de Aviação Civil (DAC). No regulamento da agência, está previsto que os militares que trabalham no setor de aviação têm de deixar a Anac nos próximos cinco anos. De acordo com o cronograma da agência, cada quinto dos militares (20%) deve deixar o trabalho por ano.