Título: Bradesco paga R$ 1 bi por Amex
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 21/03/2006, Economia & Negócios, p. A19

O Bradesco anunciou ontem a aquisição da operação de cartões de crédito da American Express no Brasil. Por R$ 1,02 bilhão (US$ 490 milhões, metade do valor que o mercado vinha especulando), o maior banco privado do país adquiriu a carteira de 1,2 milhão de clientes pessoas físicas e jurídicas do segmento de alta renda, em que a operadora americana atua. O acordo é fruto de uma negociação iniciada em agosto de 2004.

O Bradesco passará a emitir todos os cartões da American Express da chamada linha Centurion (Green, Gold e Platinum), além de se responsabilizar pela cobrança, prestação de serviços, gestão do programa de fidelidade Membership Rewards e expansão da rede de estabelecimentos conveniados. Os clientes passam a ter acesso aos serviços nos terminais do Bradesco. A carteira da operadora americana faturou R$ 8,9 bi no Brasil.

- Nos últimos meses, vínhamos repensando nossa estratégia de crescimento no Brasil e ficamos encantados com a proposta do Bradesco. Tínhamos algumas lacunas no atendimento que serão preenchidas pelo banco, que se comprometeu a manter o atendimento superior que nossos clientes esperam. É uma estratégia que já adotamos em outros países - afirma o presidente da American Express, Edward Gilligan.

Já o Bradesco aposta no negócio para turbinar os serviços no segmento Prime - destinado a clientes com renda superior a R$ 4 mil mensais.

- O negócio nos permitirá ampliar a capacidade de oferecer serviços para nossos clientes e é uma demonstração de confiança na economia brasileira - diz Márcio Cypriano, presidente do Bradesco.

O banco já tem uma carteira de 8,7 milhões de cartões de crédito, com as bandeiras Mastercard e Visa, que proporcionou faturamento de R$ 13,8 bilhões em 2005. A marca do Bradesco não será impressa nos cartões Amex, que continuam, por enquanto, sendo produzidos nos EUA.

Fazem parte do acordo, ainda, os serviços de viagem, corretagem de seguros, câmbio e operações de Crédito Direto ao Consumidor (CDC). O banco não terá ingerência sobre os chamados cartões blue box - emitidos por outros bancos, mas com a logomarca azul da Amex. Também ficou de fora a operação dos Traveller Checks, produzidos nos EUA e comercializados em casas de câmbio.

O negócio será concluído em junho e terá validade de dez anos, prorrogáveis por igual período. A Amex, porém, manterá escritório no Brasil.

Para o economista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho & Associados, o Bradesco, tradicionalmente associado a um público de menor renda, terá sucesso na operação de uma marca destinada a um público distinto do que costuma atender.

- O Bradesco está se esforçando muito para ganhar espaço neste segmento. Poucos clientes Amex deverão ficar insatisfeitos. O valor do negócio está em linha com a carteira de crédito da Amex, de R$ 1,3 bi. O valor especulado era irreal.