Título: Tempo extra para a CPI
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 03/03/2006, País, p. A3

A menos de 20 dias do prazo para apresentação do relatório final da CPI dos Correios, integrantes da comissão começaram a discutir uma nova prorrogação dos trabalhos, cujo prazo de encerramento é abril. A bola foi levantada pela oposição. O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse concordar com o adiamento, mas avisou que não vai trabalhar para encampar o movimento. ¿ Concordo com a prorrogação. Sou um soldado que quer avançar na luta ¿ disse.

Acrescentou, em seguida, que a prorrogação em ano eleitoral pode significar uma bomba-relógio. ¿ Se não fosse ano eleitoral, assinaria imediatamente. Mas não podemos encerrar a CPI de muletas.

Serraglio pretende apresentar o resultado das investigações até o dia 21 de março. O relator afirma que as apurações feitas até aqui são suficientes para apresentar um balanço consistente das investigações.

Segundo o senador Romeu Tuma (PFL-SP), há denúncias de que haveria uma ¿sabotagem¿ dentro da própria CPI para proteger as testemunhas convocadas a prestar depoimento. A comissão coleciona nomes de pessoas que fugiram dos interrogatórios. Além de investigar eventuais favorecimentos dentro da comissão, Tuma acredita que, aumentando o prazo de investigação, os documentos relativos às contas do publicitário Duda Mendonça nos Estados Unidos seriam analisados com maior riqueza de detalhes.

Exemplo emblemático é o do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, convocado três vezes para depor na sub-relatoria de fundos de pensão. Funaro, que está sendo procurado pela Polícia Federal, era dono da Guaranhuns Empreendimentos, corretora por meio da qual o empresário mineiro Marcos Valério repassou R$ 6,5 milhões para o PL.

Difícil será convencer os colegas a prolongar, pela segunda vez, o prazo de vida da CPI dos Correios.