Título: Arruda avisa que só disputará o governo do DF
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Fonte: Jornal do Brasil, 03/03/2006, Brasília, p. D3

Na medida em que as eleições se aproximam, a disputa dentro do PFL para a escolha do nome que vai concorrer ao governo do Distrito Federal ganha força. A queda-de-braço entre os dois pré-candidatos - o senador Paulo Octávio, que é também o presidente regional da legenda, e o deputado federal José Roberto Arruda - está longe do fim. Para vencer o jogo interno e conquistar a simpatia dos eleitores, vale tudo, inclusive a distribuição de lembrancinhas, como fitas, adesivos, calendários, cartões personalizados e camisetas. - Se passarem a rasteira em mim e não me deixarem ser candidato a governador, não sairei a nenhum outro cargo. Não tenho interesse em disputar outra eleição, pois não sou um político de carreira que precisa de mandato para viver - disse Arruda à Radio Comunitária Utopia, de Planaltina na sexta-feira última, em tom de ameaça.

Apesar da indefinição, a rivalidade já está nas ruas. Durante a entrevista, Arruda mostrou que tem a língua afiada quando fala do colega de partido. Fez questão de afirmar que possui, a seu favor, uma aliada incontestável: as pesquisas eleitorais mostrando o seu nome como favorito. A largada na frente, segundo ele, é a confirmação de que será escolhido pelo PFL para a corrida ao Palácio do Buriti.

- Tem muita conversa nos bastidores, mas o que prevalece no final é a vontade do povo, que não pode ser contrariada. Se lançarem um candidato que não é o que o povo quer, perde-se a eleição. Lidero as pesquisas há três anos consecutivos e por isso espero que me deixem ser candidato - disse Arruda.

Acordo - A estratégia para garantir a vitória não se restringe aos números. Arruda relembrou um acordo avalizado pelo presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), determinando que o candidato do partido no Distrito Federal será aquele que tiver melhores condições de ganhar a eleição. Para o pré-candidato, a combinação deve prevalecer, ainda que seja uma imposição.

- Eleição não é para discutir quem é o mais rico ou o mais poderoso. Se o critério for esse, eu já perdi. Eleição é para discutir quem tem mais voto, mais idéias e projetos. Não tenho dúvida que vou ter a minha legenda para disputar a eleição para governador e espero ter o apoio do senador Paulo Octávio e do governador Joaquim Roriz - enfatizou Arruda.

O recado que mandou pode atrapalhar ainda mais as negociações na legenda, mas isso não o assusta. O pefelista afirma que o aval da população é suficiente na hora de definir a candidatura. Outro fator considerado importante na corrida continua sendo a benção do Roriz. A decisão do maior cabo eleitoral do DF é aguardado com ansiedade por todos os postulantes, mas não tem data prevista para ser anunciada.

Arruda reconheceu, no entanto, que não é fácil ser pré-candidato ao GDF e concorrer com tantos nomes fortes, como o dos pré-candidatos do PMDB - o ex-ministro Maurício Corrêa e o chefe da Agência de Infra-estrutura e desenvolvimento Urbano, Tadeu Fillipelli - e da vice-governadora Maria de Lourdes Abadia, do PSDB, que também está no páreo.

- Se estou sendo escolhido pelo povo, mesmo sem ter mídia e dinheiro, acho que o caminho está se definindo. O que foi acordado deve ser cumprido. Sou a favor do regime democrático e das eleições de quatro em quatro anos. Este talvez é o momento mais importante e difícil da minha vida. Mas quem vem lá de baixo como eu, não tem medo de desafios - afirmou o pefelista.

O senador Paulo Octávio está viajando, segundo sua assessoria, e não foi possível localizá-lo para comentar as declarações do correligionário.