Título: Ministro aposta em queda
Autor: Mariana Carneiro e Bruno Rosa
Fonte: Jornal do Brasil, 08/03/2006, Economia & Negócios, p. A19

É elevada a expectativa dentro do governo pela redução de um ponto percentual na taxa básica de juros (Selic). O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, disse que o Brasil tem todas as condições de chegar ao fim deste ano com uma taxa de juro real de um dígito, ou seja, ao redor de 9% ao ano.

- Já conquistamos alguns avanços relevantes na área externa que possibilitam ao Brasil melhorar também a partir de agora os seus indicadores econômicos internos - disse ele.

Para que, em dezembro, a Selic fique em 9% reais, a taxa básica de juros precisa cair dos atuais 17,25% para 14% ao ano em termos nominais, um ponto percentual abaixo do que o mercado vem estimando. Esse cálculo considera uma inflação neste ano ao redor de 4,5%.

- O Banco Central deve seguir firme hoje e nas próximas reuniões sinalizando que vamos fechar 2006 com a Selic no menor nível histórico - acrescentou o ministro.

Até o final deste ano, estão agendadas mais seis reuniões do Copom. A Selic em 9% reais ao ano ainda permanecerá em um patamar elevado em relação aos juros praticados no resto do mundo, mas a redução em relação ao nível atual contribuirá para ampliar as condições que estão sendo criadas para o Brasil dar um novo salto de desenvolvimento, sustenta o ministro. Ele lembrou que a menor vulnerabilidade na área externa foi conquistada graças ao crescente superávit da balança comercial e à quitação da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

- Tudo provocou uma mudança nas condições para acelerar outros avanços necessários, como a redução dos juros e da carga tributária - salientou.

Ele acrescentou que a queda dos juros também será auxiliada pela isenção do Imposto de Renda concedida aos investidores estrangeiros que adquirirem títulos do Tesouro Nacional para refinanciar a dívida interna. O ministro lembrou ainda que o governo dará continuidade à desoneração tributária para vários setores - além da construção civil, a área econômica estuda redução de alíquotas de importação para produtos da cesta básica, bens de capital, informática e comunicação. Ontem, foi reduzido o Imposto de Importação de insumos agrícolas.