Título: Ananias tenta conter debandada de assessores
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 24/11/2004, País, p. A-6

Após demitir a secretária-executiva Ana Fonseca na sexta-feira por divergências na condução da política social, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, pediu aos outros secretários e assessores que continuem nos cargos pelo menos até que ele defina como ficará a equipe. No mesmo dia da saída de Ana Fonseca, outros integrantes da pasta manifestaram interesse de deixar seus cargos, entre eles o secretário André Teixeira (Renda de Cidadania) e Cláudio Roquete (Departamento do Cadastro Único). Os dois não pediram demissão oficialmente. Há ainda a possibilidade de mais técnicos ligados principalmente ao programa Bolsa-Família (carro-chefe da política social) saírem do governo. Hoje, Patrus Ananias estará o dia todo em Brasília, participando de um encontro de ministros de Desenvolvimento Social do Mercosul, e poderá conversar com assessores. Ele pretende aproveitar a mudança para fazer um balanço das áreas da pasta e avaliar a necessidade ou não de mais alterações.

Como o cargo de secretário-executivo está vago desde segunda-feira, com a publicação da exoneração de Ana Fonseca no Diário Oficial da União, o ministro pretende divulgar até o fim da semana o nome de um interino, que deve ser da própria pasta.

Ontem, antes de participar de audiência na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, o ministro disse apenas que o substituto definitivo será nomeado até o fim do ano.

- Nosso time está ganhando. Vamos fazer mais gols. E faremos com toda a celeridade os acertos necessários - afirmou Ananias, classificando as políticas sociais de ''vitoriosas'' por estarem cumprindo metas estabelecidas pelo presidente Lula.

Para integrar a equipe do Desenvolvimento Social, o ministro convidou Marco Antônio de Resende Teixeira, atual procurador-geral da Prefeitura de Belo Horizonte. Teixeira vai para a assessoria jurídica. Outro que deve fazer parte da pasta é o atual prefeito de Governador Valadares (MG), João Domingos Fassarela (PT), que perdeu as eleições. Ele deve atuar na assessoria parlamentar.

O ministro não quis comentar a demissão de Ana Fonseca, a quem chamou de ''amiga''.

- Penso que as relações de confiança pressupõem também uma relação de lealdade e discrição. Tenho apreço pela secretária Ana Fonseca, ela é minha amiga. Sobre esse assunto, que é encerrado, por razões de respeito, lealdade e discrição prefiro não falar.

Durante a audiência de duas horas com os senadores, Patrus Ananias afirmou que para o Orçamento de 2005 a verba passará de R$ 13,2 bilhões para R$ 15,8 bilhões. R$ 6,54 bilhões destes são destinados ao Bolsa-Família.