Título: Lula vai antecipar anúncio da candidatura à reeleição
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 12/03/2006, País, p. A3

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva transmitiu a ministros do núcleo político e ao presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), antes de embarcar para Londres, a disposição de antecipar para a primeira quinzena de maio o anúncio oficial da candidatura à reeleição. O presidente comunicou que pretende concluir as conversas sobre substituições na Esplanada dos Ministérios até o fim da próxima semana.

A idéia de Lula é anunciar a decisão de concorrer a um novo mandato no rastro do encontro nacional do PT, programado para ocorrer entre os dias 28 de abril e 1 de maio. A interlocutores, disse que o início de maio é um momento oportuno pois, até lá, as demais candidaturas já deverão estar na rua e precisará estar com a estrutura de campanha montada.

Em princípio, o presidente deixaria a confirmação oficial para o início de junho. Ao anunciar a candidatura e definir o coordenador da campanha ou um formato de coordenação em maio, o presidente Lula atende ao PT, ávido para começar a negociar as alianças nos estados.

As substituições na Esplanada fazem parte do cronograma estabelecido pelo presidente até o lançamento da candidatura à reeleição.

Ontem, depois de participar da posse de Michelle Bachelet no governo do Chile em Viña del Mar, Lula voltou a repetir que ainda não se decidiu:

- A eleição só vai preocupar minha cabeça a partir de junho. Isso se decidir ser ou não candidato. Não tem eleição fácil, mas estou mais tranqüilo - disse. Ele, no entanto, traçou cenário para a disputa e não comentou a disputa no PSDB entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito paulistano, José Serra: - Não escolho candidato.

Os ministros irão se desincompatibilizar apenas no dia 31 de março. Com verticalização e o crescimento de Lula nas pesquisas, as mudanças deverão se limitar a oito, ou, no máximo, dez pastas. Lula não pensa em colocar no ministério quem não possa trocar depois, num eventual segundo mandato. Por isso, a maioria dos ministros será substituída pelos respectivos secretários-executivos. A reforma para valer ocorrerá só depois da eleição - caso o presidente se reeleja - quando o governo precisará recompor a base de sustentação.

O vice-presidente José Alencar já comunicou que deixará o ministério da Defesa. Em seu lugar, assumirá o ministro Waldir Pires, da Controladoria-Geral da União. Sairão do governo os titulares da Integração Nacional, Ciro Gomes, dos Transportes, Alfredo Nascimento, do Esporte, Agnelo Queiroz, do Meio Ambiente, Marina Silva, da Pesca e José Fritsch.

No caminho oposto Walfrido dos Mares Guia, ministro do Turismo, Hélio Costa, das Comunicações, e Saraiva Felipe, da Saúde. Eles devem continuar. O PMDB pressionou pelo Ministério das Cidades. Em troca cederia ao PT a pasta da Saúde. Com a desistência de Saraiva, a operação foi abortada.