Título: Tempo de ação
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 24/11/2004, Opinião, p. A-10

No período mais produtivo para o turismo no Rio, atacar o problema da falta de segurança com simples operações de recolhimento de menores soa como varrer para debaixo do tapete a sujeira da sala de visitas. A falta de estrutura para acolher e educar crianças e adolescentes em situação de risco é velha conhecida dos governos estadual e municipal. Mesmo assim, na semana em que um visitante é assassinado e outra é gravemente ferida em assaltos banais, o que se vê é uma repetição de medidas ineficazes, como o interminável ciclo de apreensão e fuga de jovens com até dezenas de passagens pelos centros de triagem. Sinais de que o problema merece mais atenção não faltam. A expectativa é de recorde de navios de passageiros na alta temporada, com 130 mil estrangeiros desembarcando até o carnaval - 12% a mais que no ano passado. Em relatório publicado no Diário Oficial de ontem, a prefeitura informa que, na 25ª edição da World Travel Market, encerrada dia 11 em Londres, houve uma procura inédita pela cidade como destino turístico. Entre os novos mercados emissores, estão países como Bulgária, Malásia, Kuwait, África do Sul e Eslovênia.

A população do Estado já teve reconhecida em pesquisas sua hospitalidade e receptividade, num exemplo de cidadania digno de reconhecimento pelo poder público. Relegar a segundo plano a segurança em áreas nobres da cidade, onde proliferam desde pequenas gangues de assaltantes a grupos que exploram de forma irregular o transporte e o acesso de visitantes, denota, no mínimo, falta de zelo pelo maior patrimônio do Rio.