Título: Polícia estoura chat de sexo
Autor: Marco Antônio Martins
Fonte: Jornal do Brasil, 24/11/2004, Rio, p. A-15

Jovens brasileiras tipo exportação e pela internet. Policiais da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) descobriram um esquema patrocinado por dois americanos e um brasileiro, que funcionava na Avenida Beira-Mar, no Centro do Rio. Mulheres de 19 a 30 anos eram vistas em cabines por estrangeiros que acessavam o site da empresa de seus países. De acordo com os policiais, computadores brasileiros não tinham acesso ao endereço eletrônico. - Todos responderão por prostituição. As meninas encontradas aqui são vítimas - afirmou a delegada Andrea Menezes, titular da DRCI.

Por volta das 19h, os policiais foram ao endereço no 12º andar, do prédio 203, onde fica o escritório em que funcionaria a G.C.L. Technology Ltda, com alvará de funcionamento apenas como provedor de acesso a informações. Mas no escritório os agentes encontraram 10 cabines com câmeras digitais. Em todas elas havia jovens que ficavam em contato, através de chats, com clientes de outros países.

- Elas tinham que realizar as fantasias sexuais dos clientes. Não havia sexo explícito. Eram apenas os fetiches - explicou o chefe da equipe de operações da delegacia, o inspetor Fernando Pigliasco, primeiro a chegar no local com o inspetor Carlos Almeida, para checar a informação do disque-denúncia (2253-1177).

Segundo os policiais, as jovens ganhavam R$ 1,80 por cada minuto em que mantinham contato com os clientes. A polícia ainda não sabe quanto era pago ao escritório, mas já se sabe que o pagamento era por cartão de crédito.

Na ação, foram presos o americano James Richmond Willacq e o brasileiro Arnóbio Gomes Pereira, que seriam sócios do clube. O outro sócio, o também americano Scott Francis Toucher não foi encontrado e a polícia está a sua procura. Também foi detido em flagrante o venezuelano Juan Andres, que atuaria como gerente do que era chamado de Rio Fantasy.

A delegada Andrea Menezes descobriu junto com os policiais que o local funcionava 24h ininterruptamente. Cada jovem trabalhava em turnos de oito horas. No momento da chegada da polícia havia 10 delas no interior do escritório. Algumas delas se apresentavam para clientes estrangeiros. No escritório, em um dos corredores internos, foi encontrado um papel colado na parede de incentivo para as funcionárias que levassem novas jovens para o local. A cada nova aquisição, a funcionária recebia R$ 50.

Todas serão ouvidas como testemunhas. A polícia se surpreendeu ao encontrar mulheres de famílias de classe média, sendo algumas delas com o segundo grau completo ou então estudantes de faculdades particulares da cidade do Rio. A reportagem do JB conversou com uma jovem que chegou a fazer intercâmbio na Inglaterra e outra que era estudante de Direito, numa universidade particular e que mora na casa dos pais.

- Achei o emprego através de um anúncio de jornal. Cheguei há sete dias e não sabia que era ilegal. Aliás, durante essa semana fui muito bem tratada aqui - revelou J., 20 anos, estudante do 4º período de Direito.