Título: Governo elimina gargalo
Autor: Roberto Manera
Fonte: Jornal do Brasil, 24/11/2004, Economia & Negócios, p. A-18

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) regulamentou a habilitação da atividade do Operador de Transporte Multimodal (OTM). Criado por lei em 1998, o OTM inclui empresas que prestam serviços de transporte por vários modais (rodoviário, ferroviário, marítimo) em um só frete. Na prática, a medida retira um gargalo que era queixa recorrente dos exportadores. A mudança foi anunciadas durante o Enaex (Encontro Nacional dos Exportadores), que acontece em São Paulo. A novidade, no entanto, não reduziu a temperatura das críticas dos empresários ao governo federal. O diretor da Cargill, José Luís Glaser, queixou-se da demora de simples licitações de serviços.

- O porto de Santos está há 22 meses para ser dragado e recuperar o seu calado normal - disse.

Ele ainda lembrou que a única obra ferroviária em andamento no país é a da ferrovia Norte-Sul, que evolui à razão de sete quilômetros por ano. Glaser prevê um desastre logístico se tudo der certo para o Brasil no próximo ano.

- Se o crescimento se sustentar em 2005, vamos enfrentar sérios problemas de escoamento de safras - afirmou.

O vice-presidente executivo da Comissão de Portos, Wilen Mantelli, defendeu o uso imediato das áreas ociosas dos portos brasileiros.

- Existem extensas áreas não utilizadas em vários portos do país - disse Mantelli. - O que tem de ser feito é licitá-las e entregá-las ao setor privado.

Ele disse que contra apenas 30% das exportações agrícolas brasileiras que são embarcados nos terminais públicos, nada menos de 70% são exportados de portos privatizados, cujo custo, segundo ele, caiu de US$ 450 por contêiner para US$ 170.

O presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Luiz Antonio Fayet, querendo saber por que os recursos da Cide foram ''ilegalmente contingenciados para outros setores'', enquanto o agronegócio perdia US$ 1 bilhão só no porto de Paranaguá, imobilizado por falta de infra-estrutura.

- Quem paga esta conta? - perguntou o representante dos agricultores. Ficou sem resposta.