Título: Governo evita comentar
Autor: Juliana Rocha e Leandro Mazzini
Fonte: Jornal do Brasil, 15/03/2006, País, p. A3

O Palácio do Planalto recebeu com cautela a indicação do governador paulista, Geraldo Alckmin, como o adversário tucano do presidente Lula, mas alimenta a expectativa de que o PSDB saia dividido do processo interno de escolha do candidato.

Os governistas vão acompanhar agora, com olhos atentos, o comportamento do prefeito José Serra, que deu apoio formal a Alckmin mas não compareceu ao ato de indicação na sede do PSDB. Também aguardam os desdobramentos na relação dos tucanos com o PFL, que deixam de herdar a prefeitura da capital, a não ser que Serra aceite sair para disputar o governo do Estado de São Paulo.

O anúncio de Alckmin provocou reação também no PT. Ontem, o presidente do partido, Ricardo Berzoini, correu para afirmar que a escolha do adversário não irá antecipar a escolha do candidato petista. Mas, neste caso, não há disputa interna. O presidente Lula ganha tempo para apresentar sua candidatura à reeleição.

Até a semana passada, o Planalto preferia enfrentar Serra. Um dos assessores explica que é melhor ''enfrentar um velho conhecido do que um oponente que ninguém conhece direito''.

Quando ficou claro que Alckmin não abriria mão de postular a candidatura, os políticos do governo passaram a torcer por uma disputa nas prévias.

Publicamente, o Planalto mantém a estratégia de valorizar as ações do governo como instrumento de campanha eleitoral. O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, manteve a declaração de que adversário não se escolhe.