Título: O administrador que rechaça pregação ideológica
Autor: Israel Tabak
Fonte: Jornal do Brasil, 15/03/2006, País, p. A4

Quarenta e cinco anos depois da posse de Jânio Quadros, o tucano Geraldo Alckmin lutou para repetir a trajetória natural de todos os governadores paulistas: disputar a Presidência. Os últimos ocupantes do Palácio dos Bandeirantes que tentaram o feito fracassaram: Paulo Maluf perdeu em 1985 e 1989, e Orestes Quércia, em 1994. Mario Covas, candidato natural à sucessão de Fernando Henrique Cardoso, morreu de câncer em 2001. Agora é a vez de Alckmin.

Católico praticante, Alckmin é considerado mais conservador que os principais fundadores do PSDB - FHC, Mario Covas e Franco Montoro -, o que ele nega. O governador se defende afirmando que prefere a ação à retórica. Político frio e metódico, que gosta de ser visto como gerente, ganhou o apelido de ''picolé de chuchu'', que hoje tenta reverter em seu favor: ''No meu governo, o Brasil vai crescer pra chuchu e terá trabalho pra chuchu. E vai ter um governo que vai ser um chuchuzinho''.

No governo, Alckmin adotou uma política de resultados, distanciando o PSDB das discussões ideológicas: ''Estou convencido de que os problemas maiores da política não são tão ideológicos, essa briga de esquerda e direita. São de seriedade, de austeridade, de compromisso popular e de bom gerenciamento''.

Alckmin repele o rótulo de conservador e diz que é um social-democrata mais pragmático:

- Eu sou, sempre fui, de centro-esquerda. Sou um social-democrata. Mas, na realidade, eu gosto de ser considerado mais pragmático. Na política há muita retórica e pouca ação.

Em dezembro de 2005, seu governo era avaliado como ótimo/ bom por 62% dos eleitores do Estado e ruim/péssimo por 6%. Os principais problemas de sua gestão concentram-se na segurança pública - as rebeliões na Febem e o elevado número de seqüestros. Suas principais realizações são a expansão do metrô, o projeto Tietê - que inclui a despoluição e o fim de alagamentos próximos ao rio - e o trecho oeste do Rodoanel.