Título: Aprovada cassação de João Paulo
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 15/03/2006, País, p. A5

De nada adiantou o esforço da deputada Angela Guadagnin (PT-SP), ontem, para salvar o colega de legenda João Paulo Cunha (PT-SP) da condenação no Conselho de Ética. Por nove votos a cinco, foi aprovado o relatório demolidor do deputado César Schirmer (PMDB-RS) que pedia a cassação do petista. Votaram pela absolvição, a colega Ângela Guadagnin (PT-SP), e os deputados Edmar Moreira (PFL-MG), Sandes Júnior (PP-GO), Benedito de Lira (PP-AL) e o tucano Bosco Costa (SE), que substituiu o deputado Mendes Thame (PSDB-SP). A defesa do ex-presidente da Câmara ainda não disse se recorrerá da decisão. No entanto, a firmeza do último pronunciamento que fez no conselho, demonstrou que João Paulo deve seguir os passos do ex-deputado José Dirceu. Ou seja, deve utilizar os prazos regimentais e todas as formas de adiar a votação do pedido de cassação no plenário.

¿ Este relatório vendeu a imagem de um homem perigoso, omisso, corrupto e mentiroso. O relator exagerou na tinta. O tempo vai se encarregar de julgar a mim e ao deputado Schirmer - afirmou.

A protelação do julgamento no plenário seria importante para esfriar a repercussão do relatório aprovado pelos conselheiros. A avaliação de parlamentares é que Schirmer foi o relator mais contundente e preciso. O peemedebista contestou ponto a ponto todos os argumentos utilizados pela defesa.

Certo de que pesou entre os conselheiros a convicção demonstrada pelo relator, João Paulo pediu para que os colegas considerassem sua história de vida pública. Criticou Schirmer e chegou inclusive a chamá-lo de mentiroso e preconceituoso.

Ângela Guadagnin trouxe ontem ao conselho um voto de 79 páginas ¿ onze páginas a mais que o texto do relator Cézar Shirmer ¿ visando a convencer os colegas da inocência de João Paulo. Na tentativa de desmanchar as acusações, costurou a defesa baseando-se em três pontos. O primeiro, o fato de que as irregularidades em contratos da Câmara durante a gestão de João Paulo ainda não haviam sido chanceladas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), nem mesmo pela Secretaria de Controle Interno da Câmara. Ambas, ainda não concluíram suas auditorias.

Outro ponto, que a petista tentou argumentar foi a utilização de trechos, segundo ela, fora de contexto utilizados pelo relator para prejudicar João Paulo. Guadagnin ainda anexou ao voto documentos que até então eram desconhecidos pelo conselho. Um deles é uma lista de registros de entrada no Banco Rural ¿ que comprovaria que a mulher de João Paulo só esteve uma vez naquele estabelecimento.