Título: Disputas pelo controle do tráfico
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 15/03/2006, Rio, p. A7

Desde o início da guerra pelo controle do tráfico de drogas na Rocinha, há dois anos, a venda de entorpecentes na favela caiu cerca de 70%. O lucro com o comércio de drogas na comunidade chegava a R$ 10 milhões mensais. Segundo a chefe de investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), Marina Maggessi, apesar da briga de facções criminosas para tomada do morro, os líderes do tráfico na favela ainda contam com 300 homens dispondo de um arsenal de 200 fuzis. A Rocinha está dividida entre o comando de dois traficantes conhecidos como Joca e Nem. Eles eram aliados do traficante Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-te-vi, morto na madrugada do dia 29 de outubro do ano passado. A guerra pelo controle do tráfico de drogas nas favelas da Zona Sul teve o seu ápice em abril de 2004, na madrugada da Sexta-Feira Santa, quando traficantes ligados ao Comando Vermelho (CV) invadiram a Rocinha, numa ação que resultou em três mortes. Quatro dias depois, Luciano Barbosa, o Lulu, líder do tráfico no local, foi morto em confronto com policiais.

A invasão da Semana Santa foi liderada por Eduíno Eustáquio de Araújo, o Dudu, que chefiou o tráfico na Rocinha até 1997, quando foi preso. Desde então, os remanescentes do bando da Rocinha aderiram à facção Amigos dos Amigos (ADA). No mês passado, houve nova tentativa de tomada do comércio de drogas da Rocinha por um bando de aproximadamente 40 homens do CV. A ação foi frustrada pelos bandidos da favela.