Título: MST vai marchar contra a política econômica
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 25/11/2004, O país, p. A2

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) - com o apoio de 43 organizações que formam a Coordenação dos Movimentos Sociais - inicia hoje uma série de marchas e protestos contra a política econômica do governo federal. A primeira marcha, de cerca de cinco quilômetros, será feita em Brasília, rumo ao edifício sede do Banco Central. - Já estamos discutindo com a CUT outra marcha para a valorização do salário mínimo. Vamos nos unir com os outros movimentos sociais e botar o povo na rua para que diga ao governo que é preciso mudar a economia - afirma Stedile.

A marcha de hoje deverá reunir 10 mil pessoas em frente ao Banco Central, onde haverá um protesto. Os manifestantes participam desde o início da semana da Conferência Nacional Terra e Água, no Ginásio Nilson Nelson, no centro da capital, onde estão acampados com o patrocínio de instituições do próprio governo. O alvo do MST na marcha de hoje são os ministros ''da direita'', segundo Stedile. Além de Palocci, a lista inclui o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Stedile pediu e os manifestantes vaiaram ontem Roberto Rodrigues, que não estava presente na conferência.

- O nosso papel é valorizar os ministros que querem um projeto de mudança e dar pau nos da direita. A política econômica que o Roberto Rodrigues representa vai destruir o campesinato - diz Stedile.

Lula não compareceu à conferência realizada pelos sem-terra - que termina hoje - assim como o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Stédile criticou os fazendeiros que adotam a monocultura da soja para exportação, usando sementes transgênicas.

O líder dos sem-terra chamou de ''ignorantes'' os fazendeiros que optaram pelo agronegócio e de ''palhaços'' os agricultores gaúchos que plantaram sementes transgênicas de soja e agora têm de pagar royalties dobrados para a empresa Monsanto, num momento de queda internacional do preço do grão.

Sédile pediu também que todos os sem-terra parem de comprar alimentos ''padronizados'' pelas grandes indústrias.