Título: 'Operação Retribuir a Visita'
Autor: Sheila Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 15/03/2006, Internacional, p. A13

O ataque do Exército às instalações da Autoridade Nacional Palestina (ANP) em Jericó recebeu um nome sugestivo: operação ''Retribuir a Visita'' - alusão à ação de comandos que mataram o ministro Zeevi num hotel em plena Jerusalém. A invasão começou às 9h, quando os militares viram que os monitores britânicos tinham ido embora. A prisão de Jericó, naquele momento, era guardada apenas pelo pessoal de segurança da própria ANP.

Tropas da Brigada Nahal, auxiliadas por agentes da unidade especial antiterrorismo, com apoio de tanques Merkava, de artilharia pesada e de buldôzeres, explodiram muros e foram recebidas a tiros. Houve combates entre policiais palestinos e militares de Israel. No céu, helicópteros Apache participavam, lançando pelo menos um míssil diretamente contra o complexo.

Um guarda e um preso foram mortos, enquanto três outros detentos ficavam feridos. Logo, o contingente palestino começou a se render, saindo com as mãos para cima e usando apenas as roupas de baixo. Das 200 pessoas no total, apenas o grupo de 30 homens, entr eles Ahmed Saadat e cinco outros procurados, resistia.

- Eles nos querem vivos ou mortos. Terão de entrar aqui, porque não nos renderemos - avisou o líder da FPLP, por telefone, à rede Al Jazira. - Nossa moral é alta e vamos morrer como homens - completou.

Ahed Gholam, um dos presos, em outra ligação contou o que acontecia na cadeia.

- Estamos cercados por todos os lados. Eles nos gritam por altos-falantes para que saiamos, mas não faremos isso sob nenhuma circunstância - disse.

Do lado de fora, os soldados estavam preparados para sustentar um cerco prolongado.

- Se não saírem, nós os tiraremos de lá - afiançava o coronel Roni Belkin, subcomandante da operação ''Retribuir a Visita''.

No começo da noite, no entanto, o impacto das bombas falou mais alto e o grupo de Saadat acabou se entregando. Todos os palestinos, incluindo os policiais da guarda, foram algemados e vendados. Depois de interrogados em uma instalação militar nas proximidades, aqueles que eram procurados pelas autoridades de Israel foram encaminhados a outros locais. Os outros presos foram devolvidos à custódia da ANP.