Título: Comércio terá nova secretaria
Autor: Janaína Leite
Fonte: Jornal do Brasil, 25/11/2004, Economia, p. A20

Furlan diz que medida vai desonerar o setor

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio vai criar uma secretaria para acompanhar o setor de comércio. A informação é do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Segundo ele, 55 funcionários trabalharão no novo braço do MDIC - basta que a Casa Civil libere a contratação. Segundo Furlan, o presidente da República apóia a iniciativa. - O ano de 2003 foi o da arrumação da casa, do resgate da credibilidade; 2004 foi o da política industrial e da retomada do mercado interno; 2005 deve ser mais do que isso - afirma.

Segundo ele, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o presidente Lula sabem da necessidade de alavancar o comércio.

- Estamos trabalhando para que parte do excesso de arrecadação seja devolvido - disse.

O anúncio da nova secretaria foi feito na noite de terça-feira 23, durante a posse da nova diretoria da Confederação Nacional do Comércio (CNC), em Brasília. A declaração de Furlan foi bem recebidas pelos comerciantes. Não impediu, contudo, que o presidente da CNC, Antonio de Oliveira Santos, reclamasse da ortodoxia da equipe econômica, que usa juros altos para esfriar a demanda e segurar a inflação.

- A inflação passada não foi por excesso de produção, mas dos desmandos havidos - afirmou Santos, que defendeu ainda a preservação do sistema que reúne sua confederação, o Sesc e o Sesi. - Esse sistema permite que o Brasil dê um exemplo ao mundo do que pode o setor privado para ajudar a diminuir a pobreza.

Concentrado na íntegra do discurso de Santos, Lula ouviu o recado sem erguer os olhos. Durante sua fala, porém, o presidente deixou claro que não mudará a política econômica.

- O faturamento real do comércio registrou aumento de 9,32% em setembro, com taxa acumulada de 6,72% em 12 meses, com previsão de crescimento nominal de 12% em 2004. É pouco, diante das nossas necessidades e da nossa vontade, mas é um belíssimo crescimento, em função da realidade que nós pegamos no país, há 22 meses atrás - disse Lula. - Precisamos tomar cuidado porque temos que cuidar do dinheiro do Estado como a gente cuida do dinheiro ganho com o nosso suor.