Título: Lula: oposição quer um desastre
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 18/03/2006, País, p. A3

Meses depois de acusar as ''elites'' pelas denúncias de corrupção contra seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou ontem por defender o ministro da Fazenda Antônio Palocci acusando a oposição de querer desestabilizar o governo. Em visita a três cidades catarinenses, Lula creditou o ''sucesso'' da política econômica a Palocci disse que ''algumas pessoas'' torcem para que aconteça ''um desastre no Brasil''.

- A situação fica como está. O Palocci tem responsabilidade pelas coisas boas que aconteceram na economia nacional. Lamentavelmente, parece que há algumas pessoas que torcem para que o Brasil não dê certo, para que haja um desastre.

Em meio à pressão para a saída do ministro da Fazenda, o presidente negou que o ministro tenha pedido demissão. Disse ainda que mesmo que o ministro tivesse pedido, ele não teria aceitado pois ''o povo trabalhador seria prejudicado''.

A defesa de Palocci veio ao fim de uma semana intensa de novas denúncias. Apesar das críticas de Lula, as acusações contra o ministro surgiram de ex-colaboradores do PT. Quinta-feira, na CPI dos Bingos, o caseiro Francenildo dos Santos Costa voltou a acusar o Palocci de freqüentar a Casa do Lobby, em Brasília, onde se reunia a chamada República de Ribeirão Preto formada por ex-colaboradores do ministro acusados de corrupção. Palocci nega que tenha ido à casa.

Em São Francisco do Sul, onde, assim como em Itajaí, visitou obras portuárias, Lula pediu que a oposição não atrapalhe:

- É justo, é democrático fazer oposição. Mas política tem que fazer com a cabeça, não com o esôfago. Pelo amor de Deus, permitam que a gente conclua o nosso trabalho. Não atrapalhem.

Lula não mencionou o crescimento do país de 2,3% no ano passado, metade da média mundial, e nas Américas maior apenas do que o do Haiti. Lula observou que a política econômica ''precisa de muito ajuste''.

Lula voltou a se comparar, por duas vezes, ao presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), segundo ele, ''o mais importante presidente que o país já teve''.

- Vocês estão assistindo àqueles capítulos do especial na TV Globo sobre o JK? Se fosse transportando para hoje, vocês iam perceber que era a mesma coisa. Tem um tipo de político que quer trabalhar e fazer e tem um tipo que não quer que você faça - afirmou, referindo-se à perseguição que a União Democrática Nacional (UDN), de Carlos Lacerda, fez ao governo Kubitscheck.

Acompanhado do governador do estado, Luiz Henrique (PMDB-SC) e do secretário da Pesca, José Fritsch, Lula visitou obras nos portos de São Francisco do Sul e Itajaí; e visitou Florianópolis.