Título: Datacenter fora da Cidade Digital
Autor: Guilherme Queiroz
Fonte: Jornal do Brasil, 25/11/2004, Brasília, p. D5

Demora na Câmara faz GDF arranjar outro terreno para o BB

O GDF decidiu não esperar a aprovação da nova poligonal do Parque Nacional, em tramitação na Câmara dos Deputados, para liberar uma área para o Centro de Tecnologia (Datacenter) do Banco do Brasil. Para evitar a perda de R$ 700 milhões em investimentos no DF, com uma eventual desistência da empresa, a Terracap já iniciou o estudo de novas áreas para o empreendimento. O terreno escolhido deve ser liberado até o fim deste ano. O compromisso do GDF em ceder um novo terreno ao BB tranqüilizou a diretoria da empresa, conforme adiantou ontem o Informe JB. Os executivos receavam não concluir a obra até o fim de 2006, uma imposição do Acordo de Basiléia, firmado entre bancos de todo o mundo. O BB precisa de 40 mil m² para erguer o Datacenter - um centro de dados alternativos - e uma das áreas em estudo fica ao lado da Cidade Digital.

- Independentemente da Cidade Digital, uma área será cedido ao banco - afirma o secretário de Desenvolvimento Tecnológico, Izalci Lucas.

Segundo ele, o projeto era considerado como o principal ponto de atração de outros investimentos na Cidade Digital, com aporte previsto de R$ 2 bilhões - dos quais, R$ 700 milhões vêm do Banco do Brasil. Izalci ressalta que, caso não haja uma definição rápida no Congresso que possibilite a construção do Datacenter no pólo, o restante do empreedimento não será comprometido.

- Já licitamos o Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) e apenas aguardamos a licença de instalação para iniciar as obras - adianta.

Expansão - A falta de consenso quanto aos novos limites do Parque Nacional voltou a marcar os debates no Congresso. Ontem, a Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados adiou novamente a entrega do relatório sobre o Projeto de Lei 4.186/04. Parlamentares, Ibama e GDF prometem fazer esforço concentrado para chegar a um consenso até a próxima reunião, na quarta-feira.

A aposta do governo federal e do GDF, entretanto, é de que o projeto sairá da comissão sem conhecer o parecer do relator, Pastor Jorge Pinheiro (PL-DF). Antecipando-se a um questionamento quanto à legitimidade do texto, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou pedido de audiência pública para ouvir as comunidades afetadas pela nova poligonal. Os relatórios de Pinheiro e da CCJ devem ser lidos só em plenário, quando o projeto for a votação.

- Segundo o regimento da Câmara, não há nenhum impedimento para isso. Há 23 medidas provisórias trancando a pauta, o que deve nos dar tempo para discutir - avaliou o secretário da Agência de Infra-Estrutura, Tadeu Filippelli, que compareceu à reunião.

O gerente-executivo do Ibama, Francisco Palhares, concorda com a possibilidade de reavaliar a poligonal desenhada pelo órgão ambiental. Ele deve se reunir nos próximos dias para ouvir reivindicações dos moradores das áreas afetadas para analisar possíveis reduções. Adiantou, porém, que a mudança não poderá ser radical.

- Não há condições de aceitar uma emenda como a que pediu a redução de cerca de 50% na área do parque - diz.