Título: Do sindicato ao mensalão
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 06/04/2006, País, p. A5

Saído das bases sindicais de Osasco, na Grande São Paulo, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) chegou ontem ao momento mais delicado de uma carreira até então impressionante. Egresso do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco, o petista foi eleito vereador em 1982, quando tinha apenas 24 anos. Ficou na Câmara até 1988.

Em 1990, elegeu-se deputado estadual e, já no primeiro ano de mandato, tornou-se líder do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo. Quatro anos depois, chegou à Câmara dos Deputados. Desde então, tornou-se um dos líderes do partido na Casa. O prestígio foi demonstrado em 2003, quando foi eleito presidente da Câmara com 434 votos. O apoio do governo foi determinante.

Em outubro do ano seguinte, começou a derrocada do parlamentar. Ainda presidente da Casa, recebeu a incumbência de investigar a revelação do Jornal do Brasil de que o governo pagava mensalão a parlamentares. Comprovada ontem pela CPI dos Correios, a denúncia caiu no colo do deputado, que abriu uma rápida sindicância e fechou horas depois. Em direito de resposta encaminhado ao JB, na ocasião, João Paulo desqualificou a matéria. Dias depois, no plenário, dedo em riste, ameaçou os repórteres de processo. Ameaça não cumprida.

Quando Roberto Jefferson voltou a acusar o governo, no ano passado, João Paulo submergiu. Só reapareceu para dizer que a mulher tinha ido ao Banco Rural para acertar uma conta de TV a cabo. Depois ficou comprovado: ela fora sacar R$ 50 mil de caixa 2.