Título: Economia informal contra desemprego
Autor: Sheila Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 06/04/2006, Internacional, p. A13

O comércio informal não é proibido na capital venezuelana - vários ambulantes usam um jaleco branco, escrito em vermelho nas costas: ''Prefeitura de Caracas''. Isso significa que são autorizados a vender artesanatos, comida e roupas legítimas, de produção nacional. O incentivo a este tipo de economia reflete a tentativa de ajudar na renda de alguns dos 10,7% de venezuelanos desempregados. Segundo dados do Instituto Nacional de Estadística (INE), 45,3 % do total de pessoas que têm uma ocupação estão na economia informal.

- Levo para casa entre 60 mil e 80 mil bolívares por dia (R$ 60 e R$ 80) - conta a estudante Rosirez Rondón, que vende lingerie perto da estação de metrô Capitólio. - O dinheiro não fica comigo, é divido para as despesas da casa, minhas, da minha mãe e da minha irmã.

Rosirez trabalha de manhã e de tarde na barraca, cuja proprietária é a mãe. À noite, vai assistir aulas numa universidade pública, onde cursa Serviço Social.

- Depois que me formar, quero seguir minha carreira. Mas minha mãe ficará aqui, é o meio de subsistência dela - afirma.

Várias tendas oferecem, ainda, o serviço de ligações telefônicas, por celular ou aparelho convencional. Como na Venezuela a telefonia é por satélite, os telefones não necessitam de fio, apenas de uma antena para funcionar.

Nas barracas dos camelôs, a linha convencional faz ligações locais e interurbanas. O preço varia, mas as chamadas locais costumam ser 100 bolívares (R$ 0,10) o minuto. De celular liga-se para celular, o que custa um pouco mais: R$ 0,25 o minuto.

- É cômodo saber que poderei ligar facilmente da rua, mesmo que tenha esquecido meu telefone em casa ou se a bateria estiver descarregada - elogia a consumidora Carmen Trujillo.

Além de falar ao telefone, os ambulantes oferecem outro serviço que as mulheres adoram: fazer as unhas. Geralmente, a manicure fica em uma mesinha na calcada, com a maleta de esmaltes, acetona e outros apetrechos no chão. Perto da Praça Bolívar, é um homem quem atende às mulheres, usando um jato de esmalte em vez do pincel. Fazer as mãos sai pelo equivalente a R$ 5. Nos salões do centro, custa R$ 3 mais caro.