Título: FMI elogia economia brasileira
Autor: Fernando Nakagawa
Fonte: Jornal do Brasil, 06/04/2006, Economia & Negócios, p. A19
O diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o hemisfério ocidental, Anoop Singh, disse ontem que o país passa por um momento econômico ¿muito robusto¿, após encontrar-se com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O novo titular da pasta também recebeu o economista e deputado federal Delfim Neto, que comentou que ficará ¿satisfeito¿ se o país atingir a meta de superávit primário ¿ receita menos despesas para pagamento de juros ¿ deste ano, de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas produzidas no país). O encontro de Singh com Mantega durou mais de uma hora.
¿ O Brasil se encontra em um momento de solidez econômica. Vemos indicadores econômicos que são muito robustos, muito fortes. Os aspectos mais fundamentais da economia brasileira claramente deverão continuar ¿ disse Singh.
Singh destacou a trajetória de queda da inflação, a perspectiva de crescimento para esse ano (em torno de 3%) e o que considerou confortável nível de reservas (próximo a US$ 60 bilhões).
Segundo ele, o encontro com Mantega foi uma ¿visita de cortesia¿.
¿ Já estava no Brasil por ocasião da reunião do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em Belo Horizonte. É absolutamente normal que, antes do regresso a Washington, eu passe aqui.
Após o encontro com Mantega, à tarde, Delfim Netto disse que não é momento de se falar em sua proposta de déficit nominal zero. Pelo projeto, o país se comprometeria, ao longo de determinado prazo, a produzir superávits primários (receitas menos despesas) suficientes para pagar, além das despesas, todos os juros do serviço da dívida interna ¿ zerando o déficit nominal (passivo após o pagamento de juros). Ano passado, o déficit nominal atingiu quase 3% do PIB.
¿ Isso aí é uma proposta para choque de gestão em i nício de governo, e não para o final.
Delfim elogiou a escolha de Mantega mas comentou que a política econômica é conduzida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Perguntado sobre a possibilidade de Mantega permanecer no ministério em um segundo mandato de Lula, o economista disse que ¿Guido é um ministro completo, não é um tapa-buraco¿.
Ao fim do dia, Mantega participou da posse do novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Demian Fiocca. Em mais uma tentativa de tentar acalmar os investidores, o ministro reafirmou o compromisso com a meta de superávit primário de 4,25% do PIB. E voltou a dizer que os indicadores econômicos, como as contas externas, continuam robustos e que o Brasil usufrui de melhora na vulnerabilidade externa.
Com Folhapress