Título: Brasil perde em competitividade
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Fonte: Jornal do Brasil, 06/04/2006, Economia & Negócios, p. A20
O Chile encabeça o ranking de competitividade realizado entre 21 países de América Latina e Caribe, seguido por Argentina e Costa Rica. O Brasil aparece apenas na quarta posição. O ranking foi divulgado ontem na abertura do Fórum Econômico Mundial em São Paulo. Na lista, prosseguem Colômbia, México, El Salvador, Jamaica e Panamá, nesta ordem. Os dados baseiam-se em informações coletadas no ano passado pelo World Economic Forum.
''Chile confirma sua liderança no desenvolvimento econômico da região'', disse o informe, que coloca o Chile como 27º entre as 117 nações incluídas no Índice de Competitividade Global.
O indicador avalia os países considerando seu desenvolvimento econômico, político, social, educativo e de bem-estar da população.
O empresário brasileiro Jorge Gerdau, co-presidente do Fórum Econômico Mundial para América Latina, elogiou a política econômica adotada pelo Chile.
- O país conseguiu obter altos índices de confiabilidade dos investidores internacionais com uma política econômica e monetária consistente - disse.
O industrial, que está a frente dos negócios do conglomerado siderúrgico Gerdau, destacou a difusão da educação Argentina para explicar a posição do país no ranking de competitividade regional.
Assim mesmo, mencionou a alta carga tributária e o elevado custo do dinheiro como fatores que prejudicam la competitividade do Brasil.
Para o economista-chefe do Banco Mundial para América Latina e Caribe, Guillermo Perry Rubio, um dos erros cometidos pelos países da América Latina constantemente no passado foi o de não aproveitar os bons momentos da conjuntura internacional. - Temos a tendência de relaxar nos bons momentos e de repente os bons ventos externos mudam e entramos em crises que acabam com vários anos de crescimento - disse ele, também presente ao fórum.
Na avaliação do executivo, o boom de crescimento registrado pela AL atualmente é diferente do verificado nos anos 90. O atual é, segundo ele, liderado por exportações e investimentos, enquanto o dos anos 90 foi puxado pelo aumento de fluxos financeiros de curto prazo na maioria das vezes.
- Isso faz uma enorme diferença - disse, referindo-se aos superávits externos hoje registrados por muitos países da região contra os déficits dos anos 90.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Jose Miguel Insulza, disse que a estabilidade política dos países latino-americanos é fator que faz a diferença no desenvolvimento dos países da região.
Na sua palestra, Insulza disse que a América Latina passa por seu melhor momento democrático e poucos questionamentos quanto a fraudes eleitorais. No entanto, ressaltou que quando o conceito de democracia é expandido aparecem problemas.
- Vimos governos que não terminaram mandatos. Riscos políticos estão ligados à estabilidade - disse, acrescentando que não se faz investimentos de longo prazo sem a certeza da estabilidade.
- Tivemos eleições no México em dezembro e ninguém ficou perguntando se haveria mudanças - afirmou, completando que no Brasil, ao contrário, há questionamentos sobre possíveis mudanças com alterações de governos.