Título: Campanha vende medidas populistas
Autor: Sheila Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 02/04/2006, Internacional, p. A25
A meta de vitória de Hugo Chávez nas eleições presidenciais é uma maneira de motivar os partidários em uma campanha que promete ser quente desde o início. Na prática, o que vai chamar a atenção dos eleitores são os passos da revolução bolivariana.
- O gasto público e as medidas populistas postas em marcha por seu governo vão servir para que Chávez recupere o apoio perdido em 2003, antes do referendo de revogação de seu mandato - diz o cientista político Herbert Koeneke.
Por medidas populistas Koeneke entende as missões bolivarianas, programas de assistência dos setores emergenciais. São parcerias entre o governo e a sociedade civil que não estão subordinadas às burocracias tradicionais. As missões são mantidas com trabalho voluntário.
A primeira delas, a missão Robinson de alfabetização de adultos, começou em 2003. Em outubro do ano passado, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) declarou a Venezuela livre do analfabetismo - ou seja, menos de 1% da população adulta continua sem ler. Deste programa, derivaram-se missões de conclusão do ensino médio e programas para garantir vagas na universidade.
Outra missão que pode ser usada na campanha como exemplo de sucesso é a Barrio Adentro, que trouxe médicos cubanos para atender mais de 17 milhões de pessoas excluídas do sistema de saúde, segundo dados de 2003. De acordo com a embaixada de Cuba no país, os médicos atendem 1,2 milhão de famílias por mês.
Mais duas missões têm forte apelo ao povo: a de alimentação para crianças e o Mercal, um rede de mercados que vendem alimentos a preços muito menores do que os ''comerciais''.
- O governo continuará gastando muito dinheiro para captar apoio. Mas dificilmente conseguirá 10 milhões de votos - diz Koeneke.