Título: Vítimas são identificadas
Autor: Fabrício Marta
Fonte: Jornal do Brasil, 02/04/2006, Rio, p. A15

Seis das 19 vítimas do acidente com o avião da Team Linhas Aéreas, sexta-feira, em Rio Bonito, foram identificadas ontem à noite por legistas do Instituto Médico Legal (IML) do Rio. São elas Leila Ventura Abreu, Thaís dos Santos, Ribamar Jorge Casemiro, Hugo José Corrêa, Cristian Mangoni e Mauro Neves. A identificação foi feita por comparação de impressões digitais. Uma tatuagem com o símbolo da aviação civil no braço de uma das vítimas ainda não identificadas indica que o corpo pode ser do piloto Michael Peter Hutten. Espera-se que mais dois corpos sejam reconhecidos pelo mesmo processo. Outros 13 corpos serão submetidos a exames de DNA em função da carbonização. Material biológico dos parentes serão coletados para análises. Roger Ancillotti, diretor do IML, afirmou que os resultados só devem ser divulgados em 30 dias.

Localizada por agentes da Defesa Civil, a caixa-preta do bimotor foi entregue ontem a funcionários da Agência Nacional de Aviação Civil. Parentes de algumas das vítimas acompanharam o trabalho das equipes de resgate. Cristina Carvalho parecia não acreditar na tragédia que matou seu irmão Henrique Carvalho, 33 anos, consultor da Petrobras.

¿ Ele se casou há um ano e acabou de ser promovido. Não merecia um fim como esse ¿ emocionou-se Cristina, contando que Henrique foi o único funcionário da Accenture a optar pelo vôo da Team: ¿ Os colegas dele voaram pela Ocean Air.

A operação de resgate durou quase 19 horas. A expectativa de encontrar sobreviventes no Pico da Pedra Bonita, no Distrito de Boa Esperança, terminou às 2h50 ¿ seis horas e meia depois do início das buscas. Quatro corpos foram localizados a 500 metros da clareira aberta na mata. O cenário de horror provocado por passageiros mutilados e carbonizados chocou bombeiros e policiais que estiveram ao local.

¿ Foi horrível. Estamos acostumados com outra realidade. Ali havia trabalhadores ¿ lamentou a inspetora Luciana Carvalho, da 82ª DP (Maricá), uma das primeiras a encontrar os destroços e a fotografar o cenário.

Três helicópteros foram usados no traslado dos corpos entre o Pico da Pedra Bonita e a Estrada Rio Mole, onde estavam posicionados os rabecões. O mau tempo dificultou a ação. O resgate começou às 11h30 com um helicóptero da Força Aérea Brasileira, que trouxe a primeira vítima. Outras quatro foram removidas em seguida. A ação terminou às 12h53 com a chegada dos restos mortais de outros 14 passageiros. A mutilação dificultou a contagem dos mortos e bombeiros chegaram a anunciar uma 20ª vítima, fato que acabou descartado.

A queda da aeronave, modelo turboélice, aconteceu por volta das 17h50. O vôo 6865, previsto para durar 40 minutos, partiu de Macaé, Norte do estado, com 17 passageiros e dois tripulantes, às 17h19. O destino era o Aeroporto Santos Dumont. O último contato com o controle de vôo da Marinha, em São Pedro da Aldeia, foi estabelecido às 17h35. O radar do Pico do Couto, na BR-040, detectou que a aeronave voava abaixo da altitude permitida.

As primeiras informações dão conta de que a aeronave, de fabricação Tcheca, tinha cinco anos de uso e foi vistoriada em janeiro. No avião estavam quatro funcionários da Petrobras e prestadores de serviço da empresa. O piloto Michael Hutten trabalhava há três anos e meio na Team e voava há mais de 30. O bimotor tinha cinco mil horas de vôo.

Também estão entre os mortos Marco Galasso, engenheiro de petróleo; Milton Souza e Marcelo Oliveira, geólogos da Petrobras; Jorge Costa, Antunes Bartolomeu, Jaques Berne, Márcio Pereira, Marco Lattari, Paladini Benedito, Marden Souza e Albaruz Jaime Eloir (co-piloto).