Título: Governo quer diálogo
Autor: Daniel Pereira e Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 03/04/2006, País, p. A3

Ampliar a interlocução com o Congresso para neutralizar os ataques da oposição será uma das missões do novo ministro da Coordenação Política, Tarso Genro. O primeiro passo foi dado na última sexta-feira, quando, acompanhado do antecessor, Jaques Wagner, Tarso visitou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Líderes do governo atribuem a malfadada tentativa de contornar o episódio da quebra do sigilo do caseiro Francenildo Costa ao isolamento de Lula.

- Estou preocupado com a falta de habilidade do governo em administrar crises. Neste episódio, Lula se isolou - afirmou um líder governista, para quem a saída de Antonio Palocci do ministério da Fazenda foi uma perda ''irreparável'' para a interlocução do governo com a Câmara e o Senado e acirrou os ânimos da oposição. O governo, acrescentou, abriu o flanco para reabrir o embate no ano eleitoral. Ele acredita que, se as próximas pesquisas não registrarem queda expressiva de Lula, a oposição irá ampliar o tom dos ataques.

Para o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), a retomada do diálogo com o Congresso pelo novo articulador político é fundamental para que o governo saia da defensiva. Na avaliação da líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC), a correlação de forças está desequilibrada.

- São 30 da oposição contra um ou dois do governo. Por isso os aliados precisam dar as caras a tapa - disse.

Para o deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF), os ataques são complicados de responder porque não se tratam de críticas sobre as políticas implementadas pelo governo.

- A oposição não faz uma crítica consistente. Só ataques morais, ofensas à honra das pessoas - afirmou.

Para ele, o bombardeio a Palocci foi emblemático.

- Como a oposição não tem como criticar a política econômica, teve que desestabilizar um ministro importante através de ataques à sua honra.

Sigmaringa acredita que, ao contrário do que a oposição tenta disseminar, o governo não está na defensiva.

- O governo está na ofensiva, implementando programas sociais, inaugurando obras de infra-estrutura. A oposição está em campanha. O governo tem que governar - disse.