Título: Petrobras cobra diálogo com Bolívia
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Fonte: Jornal do Brasil, 03/04/2006, Economia & Negócios, p. A19

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, espera retomar hoje em Belo Horizonte, onde se realiza 47ª reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), as negociações com o governo da Bolívia para solucionar o conflito criado com a decisão do presidente Evo Morales de nacionalizar até o fim deste mês os campos de petróleo e gás.

O presidente boliviano é esperado para a abertura da plenária oficial, que reúne delegações dos 47 países membros.

- Acreditamos em uma solução negociada e na reabertura do diálogo. Tanto o Brasil como a Bolívia têm muito a perder se não chegarem a um acordo. Mais da metade do gás natural ofertado no Brasil vem da Bolívia, portanto, a fixação de cotas do produto ou o aumento dos preços afetará profundamente o nosso mercado interno deste combustível, não propriamente a empresa - afirmou Gabrielli, lembrando que no ano passado a Petrobras faturou US$ 600 milhões na Bolívia.

Ele lembrou, entretanto, que os bolivianos também seriam prejudicados, pois dois terços das exportações de gás natural são para o Brasil.

- No mínimo a Bolívia também perderia um terço das receitas tributárias - comentou.

As negociações, que haviam sido iniciadas semanas atrás, foram interrompidas temporariamente. Semana passada, Gabrielli chegou a afirmar que a estatal poderia tomar uma ""decisão unilateral"" caso o diálogo não avançasse. Ontem, ele disse desconhecer a informação veiculada neste final de semana indicando que o governo boliviano estaria disposto a transformar a Petrobras e as demais companhias multinacionais que operam no país em prestadores de serviço.

A alteração nas regras contratuais está sendo prevista em decorrência da nova legislação sobre o setor energético, uma das promessas de campanha do presidente Evo Morales, eleito no fim do ano passado.

- A empresa não é uma prestadora de serviços, mas uma produtora integrada de energia - enfatizou Gabrielli.