Título: Trabalhador recupera renda
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 18/03/2006, Economia & Negócios, p. A19

O nível de emprego na indústria permaneceu estável em janeiro em comparação a dezembro, mas o valor da folha de pagamento deu um salto de 5,3% em relação a dezembro, segundo divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento da renda do trabalhador industrial em janeiro interrompeu uma seqüência de quatro meses seguidos de queda e foi igual à perda acumulada no período.

O resultado foi influenciado pelo pagamento de benefícios na indústria extrativa (23,7%), enquanto na indústria de transformação o aumento foi de 3,7%.

Segundo Denise Cordovil, economista da Coordenação da Indústria do IBGE, o resultado reflete o pagamento de 13º e de férias na indústria extrativa. Os resultados foram puxados pela indústria de petróleo. Na comparação com janeiro de 2005 o Rio de Janeiro registrou crescimento de 9% em razão da indústria extrativa (61,1%) por conta do pagamento de férias e adiantamento do décimo terceiro. Em Minas Gerais houve crescimento de 7,7% em relação a janeiro por conta dos ganhos salariais em meios de transporte e metalurgia básica.

Na comparação com janeiro de 2005, houve queda de 0,2% no valor real da folha de pagamento da indústria no país. Nos últimos 12 meses, houve aumento de 2,9%.

Já o nível de emprego ficou estável em janeiro sobre dezembro, mas em relação a janeiro de 2005 houve queda de 1,3%, o que representa o quinto resultado negativo seguido neste tipo de comparação.

No último trimestre do ano passado o emprego industrial acumulou queda de 1,2%. Com isso, a análise no longo prazo mostra desaceleração. A taxa acumulada em 12 meses passou de 1,1% em dezembro para 0,7% em janeiro.

A principal contribuição para a queda de 1,3% no nível de emprego industrial em relação a janeiro do ano passado veio do Rio Grande do Sul (-9,4%). As demissões superaram as contratações em 12 segmentos, com destaque para calçados e artigos de couro (-23,4%).

Outros impactos negativos vieram da região Nordeste (-3,7%) e Paraná (-3,4%). A principal contribuição positiva veio das regiões Norte e Centro-Oeste (5,0%) em razão de aumentos observados em 12 ramos industriais, com destaque para alimentos e bebidas (14,7%). Em Minas Gerais houve alta de 2,1%, puxado também pela atividade de alimentos e bebidas (22,7%).

Em todo o país, 12 dos 18 setores industriais apresentaram resultados negativos. As principais pressões vieram de calçados e artigos de couro (-14,7%), máquinas e equipamentos (-9,3%) e madeira (-15,6%).

O indicador de número de horas pagas aos trabalhadores da indústria teve queda de 0,7% em janeiro na comparação com dezembro. Apesar do resultado negativo, nos últimos 12 meses houve crescimento de 0,5%.