Título: Ministros e prefeitos defendem o Planalto
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 01/12/2004, País, p. A-3

A defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, manifestações pela permanência dos ministros do PT e reações às críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao governo deram o tom no último dia do encontro entre prefeitos eleitos e reeleitos petistas, realizado desde segunda em Brasília.

Os atos de apoio, no entanto, não se restringiram ao evento. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou ontem que FH ''perdeu a elegância'' ao classificar de ''incompetente'' a administração de Luiz Inácio Lula da Silva.

O chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o presidente do PT, José Genoino, lançaram mão de números para tentar mostrar que o governo Lula é melhor que o antecessor.

- O ex-presidente foi sectário e arrogante - respondeu Genoino.

No encontro realizado ontem na capital federal, o contra-ataque foi constante.

O prefeito reeleito de Aracaju, Marcelo Déda, disse que Fernando Henrique, ao antecipar o debate para as eleições de 2006, demonstra irresponsabilidade e falta de compromisso com o país. Déda afirmou que o ex-presidente deixou a fantasia de estadista em casa e colocou o projeto político do PSDB acima dos interesses nacionais.

- É só examinar os números de 2002 e de agora para saber quem é incompetente. As declarações foram chocantes, ainda mais partindo de um ex-presidente. Trata-se de uma tática perigosa e arriscada para o PSDB voltar o poder.

O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, afirmou que Fernando Henrique não tem nenhuma razão para criticar Lula. Na avaliação do ministro, o governo passado quebrou o país três vezes, tendo que pedir socorro ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Embalados pelo anúncio do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), os prefeitos divulgaram ontem, durante o evento, a Carta de Brasília, em que deixam claro o seu apoio ao governo. No documento de duas laudas, os petistas revelam seu ''entusiasmo com a grande obra que está realizando o presidente Lula''.

- Sentimos o quanto o Brasil avançou. Saudamos a retomada do projeto de desenvolvimento e a retomada do crescimento econômico - diz o texto, que destaca as políticas externa e social do governo.

A carta, no entanto, não expressou o apoio de boa parte dos 348 prefeitos à permanência dos ministérios do Desenvolvimento Social, das Cidades e da Saúde nas mãos do PT. O documento foi elaborado na segunda-feira, contou o secretário de Assuntos Institucionais do PT, Paulo Ferreira.

O movimento foi liderado pelos prefeitos eleitos de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, e Fortaleza, Luizianne Lins, e encontrou ressonância na maioria dos presentes ao encontro. Na avaliação dos petistas, os ministérios são estratégicos e devem permanecer com o PT, sob pena de o governo perder a sua identidade.

- Infelizmente, não houve uma articulação para colocar esse assunto na carta. Mas defendemos que os ministérios fiquem com o partido para que não seja perdida a sua fisionomia - afirmou Lindberg.

Também faltaram na carta as cobranças e ponderações dos prefeitos a respeito dos rumos da política econômica. Em discursos, os petistas alertaram para a necessidade do crescimento econômico e pediram a ajuda do governo na resolução de problemas nas áreas de infra-estrutura, saneamento, saúde e educação. Também cobraram a aprovação no Congresso da ampliação do Fundo de Participação dos Municípios.

- O ajuste é necessário, mas devemos ficar alertas ao desenvolvimento econômico - cobrou Luizianne.