Título: Epidemia cresce entre as mulheres
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Fonte: Jornal do Brasil, 01/12/2004, País, p. A-5

O número de mulheres infectadas pelo vírus HIV, transmissor da Aids, é o maior desde a década de 80, quando começou a epidemia. Foram registrados 12.599 casos em 2003, contra 10.566 em 1998, um aumento de cerca de 16%.

A informação consta do Boletim Epidemiológico da Aids 2004, divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. O avanço da doença entre as mulheres, uma das principais preocupações do governo, foi o tema escolhido para o Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado hoje. Nos primeiros seis meses deste ano, foram feitas 5.538 notificações entre mulheres.

Em conseqüência da contaminação feminina, foram registrados 201 casos em crianças até 13 anos no primeiro semestre. Trata-se da chamada transmissão vertical, da mãe para o filho. Em 2003, foram 519 casos. Entre os homens, o boletim revela tendência de estabilização da doença.

A publicação resgatou casos ocorridos anos atrás que não tinham sido registrados no sistema nacional de notificação de Aids. Com isso, o número de casos registrados desde 1980 passou de 321.163 para 362.364, um aumento de 12,8%.

- O número anterior registrava uma queda artificial, em função do subregistro e do retardo na notificação - explica o diretor do Programa Nacional de DST/Aids, Pedro Chequer.

De acordo com Chequer, a correção nas estatísticas vai permitir o aprimoramento e a criação de novas estratégias de combate à doença.

O boletim revela que a epidemia vem crescendo entre a população negra e parda e aponta tendência de estabilização da doença entre os brancos, que continuam sendo o maior grupo de infectados (51,35%). Negros e pardos somam 33,44%.

- Essa tendência de aumento entre negros e pardos está associada à transmissão heterossexual e à condição de escolaridade - avalia Pedro Chequer.

O boletim revela que, no ano passado, 32.247 pessoas foram infectadas pelo HIV no Brasil. No semestre de 2004, quase 14 mil novos casos foram notificados. Segundo o diretor do Programa Nacional de DST/Aids, apesar da redução de casos em alguns grupos, como usuários de drogas e homossexuais, ainda não se pode falar em controle da doença.

A taxa de mortalidade também apresentou estabilidade. Entre os homens, o índice de 2003 é o mesmo de 2001: 8,8 mortes em cada grupo de 100 mil homens.