Título: Consumo puxa recuperação
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Jornal do Brasil, 01/12/2004, Economia, p. A17

Desempenho da indústria e gastos das famílias garantem maior expansão da economia em 8 anos

A economia brasileira vai fechar o ano de 2004 com os melhores indicadores de desempenho dos últimos anos. Nestes nove primeiros meses, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 5,3%, o maior resultado desde 1995, quando a alta foi de 6,4%. No terceiro trimestre do ano, a expansão foi de 1% em relação ao segundo, inferior à variação de 1,4% no período imediatamente anterior. Mas na comparação com o mesmo período do ano passado, a economia cresceu 6,1%, taxa mais elevada desde o terceiro trimestre de 1996, quando avançou 6,3%. Segundo o gerente de Contas Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Roberto Olinto, a base de comparação tem sido cada vez mais elevada. Logo, os resultados tendem a ser progressivamente menos elevados.

- Isso é cumulativo, a tendência é ir para uma taxa de equilíbrio - disse.

Os números foram comemorados no governo, embora estivessem dentro do previsto pelo mercado. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcos Lisboa, disse que o crescimento superou as estimativas iniciais, de alta de 4,6%, e deverá superar 5%.

Outra boa notícia foi o aumento dos investimentos, a chamada formação bruta de capital fixa. Entre julho e setembro deste ano, cresceram 6,7%, melhor resultado desde 1994, ratificando a retomada iniciada no terceiro trimestre de 2003.

Segundo Olinto, a taxa já vinha melhorando desde o ano passado, mas em 2004 o crescimento acelerado veio puxado pela expansão da construção civil, responsável por 60% do resultado. No ano, os investimentos cresceram 11,8%, e a construção civil, 7,4%. A outra parcela do cálculo, a produção de máquinas e equipamentos, também aumentou. Segundo contas de Olinto com base na pesquisa de Produção Industrial Mensal, a produção de máquinas, no ano, cresceu 21,5%, a de tratores, 27%, e a de automóveis e caminhões, 32,3%.

A aceleração do terceiro trimestre foi puxada, em grande parte, pelo crescimento da produção industrial, que, após cinco trimestres seguidos de expansão, aumentou 2,8% entre julho e setembro deste ano, na comparação com o trimestre anterior. Já o setor de serviços cresceu, apenas, 0,7% e a atividade agropecuária caiu 3,6%.

O resultado do PIB também revela que as famílias aumentaram seu consumo em 1,4%, no terceiro trimestre de 2004 frente ao segundo. Já o governo reduziu sua demanda, com uma variação negativa de 0,2% no período. O crescimento do consumo das famílias, conforme Olinto, é reflexo do aumento da demanda no mercado interno, motivada pela expansão da massa salarial, de 5,3% em igual base de comparação.

O IBGE também reviu o resultado do PIB do ano passado, de uma retração de 0,2% para expansão de 0,5%. A razão da mudança foi a introdução de uma nova metodologia de cálculo, que passou a incluir dados da Pesquisa Industrial Mensal.