Título: Virgílio e Chinaglia disputam presidência
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 02/12/2004, País, p. A-4

Dois nomes largaram na frente na disputa interna do PT para suceder o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). Se as eleições de fevereiro fossem hoje, disputariam a cadeira os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do partido na Câmara, e Vírgilio Guimarães (PT-MG), relator da reforma tributária.

Na avaliação de parlamentares influentes e assessores do Palácio do Planalto, Virgílio é favorito por transitar com desenvoltura entre os colegas do PT e contar com a simpatia de integrantes do governo e do prefeito reeleito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, mais novo integrante do núcleo de consultas do Planalto. Chinaglia, por sua vez, teria o respaldo de pelo menos 30% dos deputados petistas.

A avaliação, contudo, é um ponto de partida e não quer dizer, obviamente, que a situação não possa ser revertida até fevereiro do próximo ano.

- É necessário que seja feito um debate maduro, com muita calma, para que a bancada do PT consiga se unificar em torno de um nome. Temos muita gente boa - afirma João Paulo Cunha.

O sinal verde para o início do debate foi dado anteontem pelo presidente da Câmara, ao dizer, em reunião da bancada do PT, que a emenda que permitiria a reeleição dele e do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), estava enterrada.

Além de Chinaglia e Virgílio, também são possíveis candidatos os deputados petistas Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), Professor Luizinho (SP), Paulo Delgado (MG), Paulo Bernardo (MG), Walter Pinheiro (BA), José Eduardo Cardozo (SP) e Paulo Rocha (PA).

Os discursos pregam a união. Mas nos bastidores, a guerra pela candidatura do PT à presidência da Câmara já foi deflagrada. Durante a votação da MP que concedeu status de ministro ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, convencido de que estava sendo observado pelos colegas, Luiz Eduardo Greenhalgh justificou o voto favorável na frente de deputados da ala esquerda petista:

- Sou jurista e pela minha consciência votaria contra a MP. Mas como o PT fechou questão, vou respeitar a decisão da maioria - explicou.

Para o deputado Chico Alencar (PT-RJ) o partido não pode entrar na disputa de egos, sob pena de entrar fragmentado na disputa e dar fôlego à oposição:

- Temos que definir um programa mínimo e a partir daí abrir o leque e a discussão dentro da bancada.

Também são citados os ministros do Trabalho, Ricardo Berzoini, e do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, caso voltem à Câmara na reforma ministerial. Mas aliados avaliam que a eventual derrota de um ex-integrante do primeiro escalão poderia representar uma desmoralização para o governo. O consenso seria o chefe da Casa Civil, José Dirceu, que depois de cogitar o desejo de voltar à Câmara, descartou a hipótese dizendo-se ''feliz no governo''.