Título: PF prende donos do 2º maior frigorífico
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 02/12/2004, País, p. A-6

A Polícia Federal prendeu ontem 11 donos, sócios e laranjas dos Frigoríficos Margen, que faturam R$ 2,3 bilhões por ano e exporta R$ 270 milhões para vários países. É a segunda maior rede de frigoríficos do Brasil, com 21 pontos de abate nos Estados. O Margen abate oito mil bois por dia, mas se transformou em organização criminosa que sonegou tributos federais, estaduais e municipais, segundo a força-tarefa composta pela Polícia Federal, INSS e Ministério Público. A Operação Perseu mobilizou 350 policiais federais e 67 auditores, nos Estados do Acre, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, São Paulo, Tocantins e Paraná. As investigações força-tarefa mostraram que os negócios do grupo eram conduzidos pelos sócios-laranjas Jelicoe Pedro Ferreira, Lourenço Augusto Brizoto e Aldomiro Lopes de Oliveira.

A lista de presos inclui o auditor fiscal do INSS Luis Antônio Faria de Camargo, ex-chefe de arrecadação da Previdência em São Paulo. O economista Luis Carlos Furlan também foi preso, acusado de participar da quadrilha, assim como o proprietário da casa de câmbio Fluxo, Cláudio Campos Meira Arruda, que teria feito as operações financeiras do grupo.

Os verdadeiros donos da rede de frigoríficos foram presos na cidade de Rio Verde (GO). São eles Mário Suaiden, Geraldo Antônio Prearo, Milton Prearo e Ney Agilson Padilha. Segundo as investigações, Geraldo, Milton e Ney cuidavam da parte financeira da empresa.

Ao todo, a Operação Perseu prenderia ainda ontem 13 pessoas. Foram cumpridos 72 mandados de busca e apreensão.

As investigações mostraram que os sócios do Frigorífico Margen devem ao INSS R$ 150 milhões. Além da sonegação, o grupo se utilizou de certidões negativas de débito inidôneas para driblar o fisco. O delegado José Renan Rocha Ribeiro, de Mato Grosso do Sul, informou que o Grupo Margen deve outros R$ 60 milhões à Receita.

O crescimento vertiginoso do grupo Margen já vinha chamando a atenção das autoridades do INSS. O grupo começou suas atividades em 1990. Na época, os sócios Ney Agilson Padilha, Milton Prearo e Verena Suaiden deixaram a fachada do negócio e transferiram as cotas para os atuais laranjas. Segundo a PF, a ''voracidade da expansão'' levou o grupo a aumentar de 14 para 21 as unidades industriais este ano, em um prazo de apenas quatro meses.