Título: Líderes renovam promessa de luta
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Fonte: Jornal do Brasil, 02/12/2004, Internacional, p. A-9

Compromisso de combate à disseminação do HIV nos países pobres marca discursos no dia mundial contra a doença

MADRI - Vários líderes ocidentais prometeram ontem, no Dia Mundial de Luta contra a Aids, destinar mais recursos ao combate à doença, que desde seu surgimento matou mais de 23 milhões de pessoas no mundo e continua castigando especialmente a população dos países mais pobres. Manifestações foram feitas em dezenas de grandes cidades de todo o mundo, incluindo Brasília e São Paulo.

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, declarou que a África será uma das prioridades da Presidência do G-8, que Londres exercerá em 2005. Segundo as estimativas da ONU, este ano foram registrados 4,3 milhões de novos contágios de jovens e adultos, a metade deles entre 15 e 24 anos. A Ásia e a Europa oriental são as regiões onde houve os maiores aumentos, de 50% a 40%.

- Hoje a face da Aids é jovem e feminina. Não conseguiremos vencê-la a menos que coloquemos as mulheres no centro da questão - afirmou Peter Piot, diretor do programa da ONU para a AIDS (Unaids).

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, lembrou o mal econômico do HIV.

- A AIDS mata pessoas no auge da vida. Tende a alcançar, nos grandes centros, os mais educados, as lideranças na elite e os mais produtivos membros da sociedade - disse.

A África subsaariana é a região mais contaminada, com 25,4 milhões de pessoas infectadas, mais da metade dos 39,4 milhões do mundo. Na França, o presidente Jacques Chirac estabeleceu três objetivos: a busca por vacina, a prevenção e a ajuda aos países pobres. O governo francês promete ''acelerar a implementação da parte internacional de sua estratégia'', segundo o ministro da Saúde, Philippe Douste-Blazy, que criticou os países ocidentais por não fazerem ''quase nada pelos do Sul'', atitude que classificou de ''vergonha planetária''.

- Se nada for feito, haverá 68 milhões de mortos por Aids nos próximos 20 anos - afirmou Douste-Blazy.

O Parlamento europeu pediu que o orçamento da UE para o período 2006-2013 leve em conta o financiamento para a luta contra o HIV. Já os governos africanos reiteraram as promessas de promover a prevenção, lutar contra o estigma da doença e acelerar a distribuição de anti-retrovirais.

Em Brasília, houve uma manifestação na frente do Congresso Nacional. Em São Paulo, a Prefeitura distribuiu camisinhas enquanto estudantes deram laços vermelhos - que simbolizam a doença-, à população.