Título: Visita de Powell é interrompida por tiroteio
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Fonte: Jornal do Brasil, 02/12/2004, Internacional, p. A-12

Incidente confuso ocorreu com secretário no Palácio Presidencial

PORTO PRÍNCIPE - Um intenso tiroteio entre soldados da missão da ONU no Haiti (Minustah) e chimeres, como são chamados os seguidores do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, interrompeu ontem a visita do secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, a Porto Príncipe.

Segundo agências internacionais, Powell estava reunido, no início da tarde, com o presidente Boniface Alexander e outras autoridades no Palácio Nacional, quando a troca de tiros começou, supostamente, segundo a rede CNN, iniciada por ocupantes de um carro que passava na avenida em frente. De acordo com militares, jordanianos da missão responderam a ''tiros disparados aleatoriamente''.

- Os disparos tinham o objetivo maior de, apenas, inibir novos tiros, e, por isso, foram dados em quantidade e sem alvos específicos. O barulho assustou quem se encontrava em frente ao palácio, provocando um tumulto de pouca duração - contou, ao JB, um dos militares brasileiros.

O Departamento de Estado informou que a visita foi interrompida durante o confronto e retomada pouco depois. À saída, Powell comentou o incidente, atribuindo-o à ação de ''gangues'', e cobrou uma ação mais efetivas das topas de paz no desarmamento.

- Eles precisam sair às ruas para enfrentá-las e barrar a violência política. O único termo que satisfaz os Estados Unidos é a realização de eleições no ano que vem, livres e justas, não fraudadas e roubadas - afirmou o secretário, que, além de conversar com o governo interino, reuniu-se com líderes políticos, inclusive os que apóiam Aristide. Também anunciou que os EUA aplicarão US$ 40 milhões no Haiti, em 2005, no combate à Aids.

Outra versão registrou disparos em Bel Air, bairro violento a poucas quadras da área presidencial.

- Bel Air fica próximo e devido à configuração dos prédios, qualquer tiro disparado lá dá realmente a impressão de ser muito perto - acrescentou a fonte da Minustah.

Embora não haja, oficialmente, registro de feridos, as agências informaram que quatro pessoas deram entrada em hospitais da região com ferimentos a bala. Duas delas seriam alunos de uma escola que funciona ao lado do palácio presidencial, mas a informação foi desmentida.

- Não houve vítimas na área. Talvez os feridos mencionados tenham sido atingidos em outra área ou em outra ação de gangues, mas não foi na frente do Palácio - assegurou o militar brasileiro.