Título: Herdeiros disputam caça-níqueis
Autor: Marco Antônio Martins
Fonte: Jornal do Brasil, 02/12/2004, Rio, p. A-14

Os herdeiros de Castor de Andrade voltaram a se desentender sobre os pontos de caça-níqueis na Zona Oeste. Durante toda a terça-feira, comboios com três ou quatro carros percorreram as ruas de Bangu e Campo Grande destruindo máquinas de jogos a marretadas. Outras eram retiradas de bares e lojas com pé-de-cabra. Nos últimos 20 dias, três pessoas suspeitas de envolvimento com os contraventores foram mortas na região. De acordo com policiais, os comboios seriam formados por grupos ligados a Fernando Ignácio, genro de Castor, e Rogério Andrade, um dos sobrinhos do contraventor. Atualmente, Ignácio está preso no sistema penitenciário, enquanto Rogério está em liberdade.

A nova fase da disputa, existente desde a morte de Castor, em 1997, teve início com a morte, em 12 de novembro passado, de Moacir Ferreira do Nascimento, 51 anos. Ele era irmão do ex-agente da Polícia Federal Paulo Cesar Ferreira Nascimento, conhecido como Padilha. Moacir levou mais de 20 tiros de pistolas e fuzis por homens encapuzados. A maior parte dos disparos foi no rosto da vítima. Segundo alguns policiais, Moacir e o irmão, Padilha, estaria auxiliando Rogério Andrade na disputa pelos pontos de caça-níquel na região.

Na semana passada, o sargento da Polícia Militar Rogério Portela Fontes, 41 anos, e seu filho Thiago França Fontes, 19, foram mortos por dois homens em uma moto, na descida do viaduto de Padre Miguel. Na ocasião, os criminosos colidiram com um caminhão no momento da fuga. Um deles morreu no local e outro pouco antes de chegar ao Hospital Albert Schweitzer, em Realengo.

O sargento integrava a equipe do Serviço Reservado do 16º BPM (Olaria) e, de acordo com policiais, seria ligado a grupos que exploram máquinas de caça-níqueis em Bangu, próximo à sua casa. A PM informa apenas que o policial e o filho foram mortos em um assalto. Mas nenhum objeto foi levado do carro do policial militar.

Desde a morte de Castor, essa disputa violenta tem sido uma constante entre os seus herdeiros nos bairros da Zona Oeste. Na tarde de terça-feira, a ação dos grupos armados assustou moradores e pessoas que percorriam as ruas de Bangu. De acordo com testemunhas, que pediram para não se identificar, policiais militares observavam os fatos sem nada fazer.

Assustados, alguns comerciantes da região tentam devolver as máquinas a esses grupos, mas são impedidos por policiais e agentes penitenciários, que trabalham para os contraventores. As polícias Civil e Federal já receberam informações sobre o conflito que tem ocorrido entre as quadrilhas da contravenção. Rogério Costa de Andrade e Silva é acusado de ser o mandante da morte do primo Paulo Andrade, filho de Castor, em 1998. Ele disputaria os pontos com Fernando Ignácio de Miranda nos bairros de Padre Miguel, Realengo e Bangu.