Título: ''Caí porque fui eficiente'', diz Lessa
Autor: Carolina Quintella
Fonte: Jornal do Brasil, 02/12/2004, Economia, p. A-17

O ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Carlos Lessa alfinetou ontem seu sucessor, Guido Mantega, insinuando que ele não terá autonomia para escolher a nova diretoria do banco de fomento. - Gosto muito do Mantega como pessoa, mas está faltando a definição da diretoria dele. A minha, o presidente Lula me deu a liberdade de escolher. O senhor Mantega está esperando a diretoria com a qual ele vai dirigir o banco. Acho que por isso ainda não fez a transmissão (do cargo) - ironizou, referindo-se à demora na realização da posse oficial do ex-ministro do Planejamento na direção do banco.

Lessa foi homenageado em almoço no Clube de Engenharia, no Centro do Rio, e não teve papas na língua, rebatendo críticas sobre sua gestão à frente do BNDES.

- Fui eficiente. Na verdade, acho que caí pela eficácia, não pela ineficiência - brincou o economista, que cobrou agilidade na transmissão do cargo. - Acho que tenho direito de fazer um discurso de transmissão. Estou transmitindo para o meu sucessor potencialmente o maior banco de desenvolvimento do mundo: de R$ 33 bilhões (de orçamento em 2003), vai chegar a R$ 60 bilhões no ano que vem. Aumentei as operações neste ano em 20% em termos reais, apesar de terem noticiado que não executei meu orçamento. Não executei, nem meu sucessor vai.

Para Lessa, sobrou dinheiro em caixa por um ''motivo simples'':

- Você só empresta quando alguém toma empréstimo. Se eu tivesse baixado a TJLP (taxa de juros de longo prazo) para 8% ao ano e desbloqueado alguns investidores, provavelmente teria executado o orçamento. Apesar disso, fiz o lucro recorde em 52 anos.