Título: EUA e Iraque negam adiar eleições
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Fonte: Jornal do Brasil, 06/12/2004, Internacional, p. A-8

WASHINGTON - O presidente iraquiano, Ghazi al-Yawer, disse ontem nos Estados Unidos que as eleições gerais em seu país devem ser realizadas em janeiro, apesar da violência. Além disso, o líder do governo interino afirmou que as tropas americanas e britânicas poderão deixar o Iraque, no mais tardar, em um ano.

O presidente Bush recebe Al Yawer hoje na Casa Branca, num encontro em que os dois governantes finalizarão os preparativos das eleições e analisarão os últimos acontecimentos no país.

Interrogado pela emissora NBC sobre a duração da presença americana em seu país, o presidente iraquiano afirmou:

- Falamos em meses, não seis, oito meses ou um ano, não acho que leve anos, realmente. - A retirada deverá ocorrer quando tivermos reconstruído nossas forças de segurança. Os Estados Unidos não podem retirar-se agora, pois isso seria nocivo para o Iraque, para o Oriente Médio, para os Estados Unidos e para o mundo.

Quanto às eleições, o presidente iraquiano reiterou que os iraquianos devem enfrentar esse desafio.

Em declaração à NBC, Al -Yawer disse que adiar as eleições não solucionará o problema da violência no país e que a mudança de data prolongará a agonia dos iraquianos e aumentará o ressentimento na sociedade do país. Al-Yawer também afirmou que o Iraque não corre o risco de uma guerra civil.

O presidente iraquiano reconheceu que as pessoas estão inseguras e têm medo de se registrar para votar por possíveis represálias dos insurgentes e inimigos da democracia e por isso pediu ajuda às Nações Unidas e à comunidade internacional.

O otimismo de Al Yawer contrasta com o de outros dirigentes políticos, como o enviado especial das Nações Unidas no Iraque, o argelino Lakhdar Brahimi, que disse sábado que as eleições não poderão acontecer em 30 de janeiro ''caso continuem, como até agora, as circunstâncias de segurança''.

Entre a classe política americana também há quem questione o êxito do processo eleitoral e, sobretudo, a atuação do Pentágono no conflito.

A atual situação no Iraque e as primeiras eleições livres nesse país também serão alguns dos principais assuntos que o presidente Bush abordará hoje também com o rei da Jordânia, Abdala II.

Os EUA sabem que têm o apoio jordaniano para que as eleições sejam realizadas na data prevista e levam em conta que o monarca ''tem um papel essencial na busca da estabilidade no Iraque e da paz no Oriente Médio'', além de ter sido um ''firme aliado na luta internacional contra o terrorismo'', segundo um comunicado oficial americano.

No sábado, o Exército dos Estados Unidos anunciou que abriu uma investigação sobre novas fotografias de prisioneiros torturados por soldados americanos.